MARCOLINO FLORENTINO DINIZ
MARCOLINO FLORENTINO
DINIZ, mais
conhecido como Marcolino Pereira Diniz ou, simplesmente, “Cabôclo Marcolino”,
nasceu no Distrito de Patos de Irerê, então pertencente a Princesa, em 10 de
agosto de 1894 e era filho do coronel Marçal Florentino Diniz e de dona Maria
Augusta de Andrade Lima. Casou-se com dona Alexandrina Douettes Florentino
Diniz, filha do major Florentino Rodrigues Diniz (major Floro), com quem teve
os filhos: Maria Augusta, Antônio e Wilson. Marcolino criou-se naquele povoado
e ali aprendeu as primeiras letras. Alfabetizado, foi estudar o curso primário
na cidade pernambucana de Triunfo. Concluída essa etapa, foi enviado pelo pai
para estudar o curso secundário na cidade do Recife. Apto, ingressou na
Faculdade de Odontologia da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco, porém,
por motivos que não sabemos, abandonou o curso na metade de sua ministração.
Homem de negócios
Desistido de estudar, Marcolino convenceu o pai de que
deveria adentrar no ramo comercial. Homem de posses, o coronel Marçal
Florentino resolveu instalar um estabelecimento comercial para o filho na
cidade de Cajazeiras/PB. Ali, Marcolino morou por um período de mais ou menos
cinco anos, tempo em que, além de comercializar estivas num grande armazém,
editava também um pequeno Jornal regional. Sem motivos que conheçamos, o nosso
biografado fechou as portas de seu negócio e retornou a Patos de Irerê. Já
casado com Alexandrina Douettes (descendente de franceses), passou a trabalhar
junto ao sogro, major Floro.
Coiteiro de Lampião
A partir do início da década de 1920, Marcolino estabeleceu
forte amizade com Lampião, cangaceiro famoso do Nordeste cognominado “Rei do
cangaço”. A amizade com o cangaceiro era tão forte que este se hospedava
frequentemente na casa de Marcolino, onde jogavam baralho numa grande mesa
existente sala de jantar de sua casa. Foi também na casa de Marcolino que o
médico princesense, doutor Severiano dos Santos Diniz, tratou do grave
ferimento no pé direito de Lampião. Há quem diga que o butim resultante do
assalto dos cangaceiros à cidade paraibana de Sousa, foi entregue, por Lampião,
para Marcolino guardar: 40 contos de reis. Daí a polêmica existente sobre a
inimizade de Lampião com o coronel José Pereira Lima (tio e cunhado de
Marcolino), quando, segundo as más-línguas - conforme suposta alegação de
Marcolino a Lampião -, teria se apossado do dinheiro do cangaceiro sem a
anuência do amigo guardião. Mas isso é outra história (ou estória?) que carece
de maiores esclarecimentos. O certo é que, enquanto o sobrinho acoitava
Lampião, Zé Pereira o mandava perseguir. Daí, a existência de mal-estares e de
um estremecimento na convivência dos dois parentes.
Na “Guerra de Princesa”
Marcolino foi um dos mais importantes “chefes de turma” das
tropas dos “Libertadores de Princesa” por ocasião da rebelião promovida pelo
coronel José Pereira em 1930 contra o Governo de João Pessoa. O filho do
coronel Marçal foi, juntamente com Luiz do Triângulo, responsável pela
estratégia que desbaratou a chamada “Coluna da Vitória”, enviada por João
Pessoa para invadir Princesa e que foi destroçada na saída do então distrito de
Água Branca. Com muita coragem, Marcolino comandou a luta que expulsou a
polícia paraibana do povoado de Patos de Irerê, ocasião em que morreram vários
soldados e somente dois “libertadores”. O também chamado “Cabôclo Marcolino”,
imortalizado na música de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”: “(...) O ‘Cabôclo Marcolino’ tinha oito boi zebu, uma casa de varanda,
dando pro norte e pro sul... Ai Xanduzinha, Xanduzinha meu xodó (...)”,
teve também problemas graves com a polícia quando, independente das lutas de 30,
nas festas natalinas de 1926, Marcolino assassinou o juiz da cidade de
Triunfo/PE num acerto de contas por motivo de velhas rixas e dizem que foi
resgatado da cadeia daquela cidade pernambucana atendendo às ameaças de Lampião
de que, se não libertassem seu amigo, invadiria aquele burgo.
Vida atribulada
Como vimos, Marcolino Florentino Diniz, que faleceu em 21 de
dezembro de 1980, teve existência por demais atribulada e nada construiu na
vida, pois, mesmo havendo sido filho de pai rico e genro de homem riquíssimo,
terminou seus dias de vida pobre e no ostracismo. Ademais, vale salientar que,
em face de uma vida tão movimentada, pouco ou nada se tem a dizer de algo
importante ou benéfico que possa ter produzido pelo bem comum. Em que pese a
ausência de qualquer benemerência, promovida pelo “Cabôclo Marcolino”, mesmo
assim, está o mesmo a merecer ser inscrito na galeria dos ilustres pela
participação em muitos dos acontecimentos importantes de sua Terra.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 31 de outubro de 2019).