Francisco Soares
de Araújo, nascido em Princesa em 19 de março de 1926, filho de Antônio Soares
de Araújo e de dona Quitéria Lopes de Araújo, era conhecido também como Chico
Soares e, mais tarde, graças ao seu extraordinário talento, recebeu a alcunha
de “CANHOTO DA PARAÍBA”. Segundo o escritor Paulo Mariano: Músico, violonista
talentoso e compositor inspirado. CANHOTO, assim chamado porque tocava o violão
sem inverter as cordas, pois, em sua casa, onde seus irmãos – destros -, também
tinham afinidade com o único instrumento comum a todos, teve de aprender a
executar no violão com as cordas na forma convencional, mesmo tocando com a mão
esquerda. Aprendeu a tocar sozinho. Pode-se dizer que Chico Soares foi uma
virtuose do violão. Além de tocar era também compositor. Foi louvado e admirado
por vários músicos, maestros, cantores e produtores musicais famosos que o
elogiaram pelo seu raro talento, a exemplo de Radamés Gnattali, Jacob do
Bandolim, Henrique Annes, Nelson Ferreira, Rafael Rabello, Paulinho da Viola,
dentre outros.
Aos dezoito anos
migrou, Chico Soares, para a cidade do Recife onde começou a se apresentar nos
programas musicais das rádios da capital pernambucana. Dali, após a formação de
um conjunto regional, assinou contrato com a “Rádio Tabajara” em João Pessoa
onde apresentou seu talento entre 1953 a 1957 quando retornou ao Recife
passando a fazer parte do grande elenco de músicos da “Rádio Jornal do Comércio
do Recife”. Já reconhecido no meio artístico, participou de um sarau na
residência de Jacob do Bandolim onde foi aplaudido pela fina flor da intelectualidade
musical brasileira pela “sua maneira inusitada de tocar violão”. Nessa mesma
ocasião, foi também aplaudido pela fina flor das rodas de choro do Rio de Janeiro.
Estava então, o talento do princesense, consolidado e se disseminando pelo
Brasil, pois, dentre os que aplaudiram o já então alcunhado de “CANHOTO DA
PARAÍBA”, estavam Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Radamés Gnattali,
Dilermando Reis, a pianista Tia América, dentre outros. Em 1977 fez parte do “Projeto
Pixinguinha” ao lado de Paulinho da Viola, quando percorreu o Brasil em larga
excursão. Em 1994 participou do “Festival Heinnecken Concerts”, no Hotel
Nacional do Rio de Janeiro ao lado novamente de Paulinho da Viola e do ícone
baiano Gilberto Gil. Gravou vários discos, dentre eles: “Único Amor” (1968); “Canhoto
da Paraíba: Um Violão Brasileiro Tocado Pelo Avesso” (1977); “Pisando em Brasa”
(1993); ”Com Mais de Mil” (1994). Compôs mais de duzentas músicas e teve
inúmeras gravadas pelo grupo “Época de Ouro” e pelo famoso Toquinho. Segundo o
crítico musical Hermínio Bello de Carvalho: “Canhoto é um mestre na arte da
composição e um virtuose em seu instrumento”.
Foi, o nosso artista
maior, agraciado com os títulos: Cidadão Pessoense e Cidadão Paraibano e também
de Cidadão Pernambucano, outorgados pela Câmara Municipal de João Pessoa e
pelas Assembleias Legislativas dos estados da Paraíba e de Pernambuco, respectivamente.
Em 1998 sofreu um acidente vascular cerebral que o tornou impossibilitado de
continuar executando sua primorosa arte de tocar violão. Falto de recursos
financeiros, foi agraciado pelo Governo da Paraíba com uma pensão que lhe
ajudou a manter-se em seus últimos anos de vida. Nosso Chico Soares veio a
falecer, na cidade de Paulista/PE, em 24 de abril de 2008. Em sua homenagem,
este que escreve, quando exercia o cargo de vereador, apresentei à Câmara
Municipal de Princesa um Projeto de Lei instituindo a “Semana da Cultura
Princesense”, dando como data-referência, 19 de março, o dia do nascimento do CANHOTO
DA PARAÍBA, o que foi aprovado por unanimidade e sancionado pelo então prefeito
Thiago Pereira de Sousa Soares que fez promover a primeira “Semana Cultural” em
março de 2009, quando foram expostos os trabalhos de Chico Soares e de vários
outros artistas princesenses, porém, tendo como foco principal a obra do nosso
artista maior: CANHOTO DA PARAÍBA. Em 2010, por iniciativa do pesquisador
Francisco Florêncio e do vereador Irismar Mangueira - com o apoio da Prefeitura
Municipal de Princesa -, foram transladados, de forma solene com missa e exéquias,
os restos mortais de CANHOTO DA PARAÍBA para o cemitério de Princesa, onde
repousa até hoje o espólio material daquele que fez brilhar o nome da nossa
Princesa por todo o Brasil.
ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO
ROBERTO EM 16 DE MAIO DE 2019.
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