quarta-feira, 22 de maio de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES



      

ADA FLORÊNCIO BARROS NÓBREGA, mais conhecida como Ada Barros, nasceu em Princesa em 22 de agosto de 1929, filha de Richomer Góes de Campos Barros e de dona Noemi Florêncio Barros, casou-se com Inocêncio Nóbrega de Andrade com quem teve os seguintes filhos: Cícero Emanuel, José Adaíno, Maria do Socorro, Richomer, Mônica, Severino, Moema e Maria do Rosário.
     Dona Ada – como eu a chamava -, foi a primeira mulher princesense a tornar-se escritora quando teve lançado, aqui em Princesa, seu manuscrito (literalmente) em 2013, lançamento que foi promovido por seus oito filhos em solenidade religiosa e social de grande monta. O livro por ela escrito, intitulado: “Feliciano Rodrigues Florêncio – O moço, o major, o velho” – Ideia – 2013 – João Pessoa/PB, cumpriu o intuito de relatar parte da história de sua família e também da cidade de Princesa. Na obra – recheada de citações -, dona Ada trouxe para os princesenses e para aqueles que se interessam pela história de um dos municípios mais históricos da Paraíba, recortes de passamentos importantes que, se não resgatados pela ilustre princesense, estariam adormecidos para sempre no berço do esquecimento. Além da saga da longa vida do major Feliciano, a escritora ateve-se também aos aspectos da Princesa da primeira metade do século XX reportando-se a histórias sobre a vida social e religiosa da cidade; sobre a “Guerra de Princesa” e até atinente a assuntos familiares que eram considerados tabus até então. Por tudo isso, o livro constitui-se num grande contributo à historiografia princesense.
     Ada Barros, mulher austera, disciplinada e dominadora foi, além de professora – formada pela Escola Normal “Monte Carmelo”- dona de casa e mãe dedicada. Inocêncio (seu marido) bancava as despesas da casa com o que auferia pelo seu emprego federal (atual IBGE que à época chamavam “Estatística”) e ela coordenava tudo. Consciente de que somente a educação poderia libertar e promover a ascensão dos filhos dedicou-se a isso com afinco e determinação quando encaminhou a todos nesse campo, no que teve sucesso, uma vez que deu formação superior aos oito filhos. Era tão dominadora que até a sociedade princesense percebeu isso quando se referia a seus filhos - aqueles que carregavam nomes comuns -, como: Cícero de Ada, Zé de Ada, Maria de Ada e Severino de Ada. Nunca de Inocêncio. Os demais, portadores de nomes mais raros eram identificados por si próprios. Essa característica pouco incomodava ao pai, pois, em sua passividade tranquila, não se incomodava com a hegemonia “adaína” que só ajudava na criação e na formação de sua numerosa prole. Para o bem de todos, Inocêncio supria e Ada urdia.
     Na qualidade de professora - intelectual que era, acredito que por herança do pai Richomer Barros que, segundo o historiador Paulo Mariano, foi o “intelectual mais refinado de Princesa” -, teve também muito sucesso. Era sempre, dona Ada, procurada por estudantes para orientarem-se na feitura de trabalhos dissertativos, no que eram prontamente atendidos, pois, a professora Ada sempre cultuou o prazer de escrever e, no mais das vezes, não somente orientava como redigia, por eles, os trabalhos, sem auferir nenhuma vantagem financeira. Afeita às citações, muitas vezes, em conversas que encetávamos sentados nas cadeiras de balanço da casa de Maria Adília, ela me dizia: “Quem tem uma galinha, vale uma galinha” e mais: “A experiência é um pente para careca”. Pragmática, era uma mulher a frente de seu tempo não se conformando com a situação de inferioridade dispensada às mulheres. Detectava-se em suas observações, a frustração de não ter conseguido um diploma de curso superior; de não ter tido a oportunidade de viver num centro maior e mais civilizado. Em que pese ser muito religiosa (católica, apostólica, romana), esquecendo-se do que determinava a doutrina da Santa Madre Igreja, louvava o advento da pílula anticoncepcional dentre outras novidades do pós-guerra que ainda não se haviam inserido nos costumes retrógados da época. Por todas essas qualidades e feitos, está dona Ada, a merecer figurar como uma princesense ilustre que deve constar inscrita no panteão da memória historiográfica da nossa querida Terra.

ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO EM 22 DE MAIO DE 2019.

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