MAJOR FELICIANO
RODRIGUES FLORÊNCIO, nasceu
em Princesa em 13 de dezembro de 1851. Era filho de Francisco Rodrigues
Florêncio e de dona Rosa de Medeiros Florêncio. Feliciano teve idade provecta,
morreu com mais de 90 anos de idade. Pode-se dizer que foi ele o patriarca de
muitas das famílias mais importantes e tradicionais de Princesa. Ramificam-se
dele ou se entrelaçam com o dele, os seguintes sobrenomes de famílias
princesenses: Florêncio; Rodrigues; Medeiros; Barros; Frazão; Leandro;
Florêncio; Lima; Andrade; Pereira, dentre outros vários. Muitos personagens que
protagonizaram a história recente de Princesa têm com o velho Major alguma
identificação: José Pereira; Richomer Barros; José Frazão; Aloysio Pereira;
Sebastião Medeiros e muitos mais. Feliciano, além de próspero agricultor, agropecuarista
e proprietário de vastas terras, destacava-se também por ser detentor da
patente de Major da “Guarda Nacional”. Constituiu família através de duas
uniões matrimoniais. As primeiras núpcias contraiu com dona Joaquina de Andrade
Lima com quem teve os filhos: João; Luiz; José; Maria e Antônia. Do segundo
casamento, com Maria Adélia de Medeiros, nasceram: Ana, Noemi e Francisco.
Segundo descrito no livro de autoria de Ada Florêncio Barros da Nóbrega (neta
do Major): “Feliciano Rodrigues Florêncio – O moço, o major, o velho” – Ideia –
2013 – João Pessoa/PB, o velho, quando jovem aos dezoito anos teve uma paixão
por uma moça dos termos de Floresta/PE, chamada Úrsula, paixão que não logrou
êxito uma vez estar a jovem prometida a outrem. Esse desengano amoroso, segundo
narra sua neta escritora, cobriu de tristeza toda a existência do Major
Feliciano: “(...) Quando comecei a
escrever sobre ele [Feliciano], a primeira coisa que coloquei no papel, como
fato da maior relevância, motivo preponderante do seu viver, foi sua paixão
pela moça de Floresta, tal como inúmeras vezes ouvi-o narrar. Acho que o
episódio máximo que o envolveu para sempre necessitava ser dividido, se
possível, com todos os humanos que pudessem se alegrar ou chorar com ele
(...)”. Feliciano Florêncio era um líder por natureza, começando esse
exercício em casa quando, na qualidade de patriarca de um clã, sempre proveu a
todos os seus filhos de meios para que se desenvolvessem como donos de casa e
pais de família. Cuidava de tudo. Destemido, nunca se intimidava com nada e
tinha respostas para tudo. Lutou na “Guerra de Princesa” ao lado do coronel Zé
Pereira – de quem era parente e amigo íntimo -, como um dos comandantes ou chefes
de grupo daquele movimento revoltoso que instituiu o “Território Livre de
Princesa”. Era da linha de frente. Depois da luta, com a vitória da “Revolução
de 30”, foi preso sob a acusação de desobediência civil. Submeteu-se à prisão,
mas não abandonou Princesa. Resistiu e protestou contra as perseguições
impostas a seus familiares, especialmente à sua destemida filha, Antônia
Florêncio de Andrade (“Dona Toinha”) desafiando os poderosos que acabavam de
assumir o poder e, impávido, chegou até a pedir garantias diretamente ao
presidente (governador) do Estado para si, seus familiares e seus amigos.
Quando da ocupação de Princesa por um pelotão do exército comandado pelo
capitão João Facó, este, o convocou para retirar-se da cidade, ao que o Major
respondeu: “Daqui não saio para canto
nenhum. O que foi que fiz? Não matei, não roubei, não desonrei. Sou um pai de
família, vivo do meu trabalho, por que vou ter que abandonar tudo e me
retirar?”. Não saiu de Princesa e enfrentou tudo até as coisas se
acalmarem. Conta-se que, instado pelo então Delegado de Polícia, Antônio Diniz
- que era também irmão do novo prefeito da cidade -, para visitar sua filha
[Antônia] presa na cadeia de Princesa, o Major – considerando aquele convite um
acinte -, o pôs de casa para fora num perigoso desafio que poderia lhes causar
grandes prejuízos em detrimento de sua própria liberdade.
Findas as querelas
de 1930 viveu, o Major, resto de seus dias em Princesa sem nunca haver sido
desrespeitado nem desrespeitar ninguém. Depõe contra o famoso Major (pela
dubiedade de depoimentos), sua posição tomada quanto ao hediondo crime
perpetrado, com a participação de um de seus filhos (José Policarpo) contra o
médico cearense, doutor Ildefonso de Lacerda Leite, em Princesa, em 1902.
Conforme escritos da época, Feliciano foi conivente com essa tragédia – se não
diretamente envolvido, porém, no mínimo, omisso – que abalou Princesa e foi
notícia em toda a imprensa do Nordeste. Nessa ocasião, foi preso – juntamente
com o então vigário da paróquia de Princesa, Padre Raymundo de Nonato Pitta -, acusado
de urdir o assassinato do médico cearense. Em tempo breve, considerado
inocente, foi absolvido e solto. O velho Major, em que pese haver tido pouca
instrução formal, sabia ler e escrever e era afeito a tiradas sábias na sua
filosofia matuta, o que encantava a todos, porque carregada de sinceridade e
destemor no dizer. Nada o abalava, pois, segundo sua neta Ada, o que mais o
abalou na vida foi a perca de seu verdadeiro amor, dor que não poderia jamais
ser sobreposta por outra qualquer. Segundo a escritora, essa desventura o fez
forte para enfrentar as agruras da longa vida. O Major Feliciano foi um homem
do seu tempo. Além da forte influência que exerceu no meio familiar o fez
também nos âmbitos político e social, uma vez que foi ele, o único princesense,
até hoje, a presidir o Poder Legislativo por quatro vezes consecutivas,
realçando que, naquela época, o cargo de Presidente do Conselho Municipal
(equivalente à Câmara Municipal de hoje), detinha as funções de Prefeito da
Vila ou da Cidade. Foi também (1909) Suplente de Juiz Municipal. Dada à grande
influência que teve o Major Feliciano Florêncio, na vida política e social de
Princesa, está o mesmo a merecer este sucinto resgate de seu Perfil Biográfico.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO
ROBERTO, EM 04 DE JUNHO DE 2019).
Muito bom. Enriquecedor!
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