quinta-feira, 20 de junho de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





MARIA AURORA DINIZ nasceu na Villa de Princesa às 17 horas do dia 27 de dezembro de 1914. Era a filha mais velha do importante líder político princesense, Nominando Muniz Diniz, mais conhecido por “Seu Mano” e de dona Aurora Sérgio Diniz. Viveu toda sua vida em Princesa, onde logo cedo fez os primeiros estudos na Escola do professor Adriano Feitosa Cavalcanti, completados no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Diferente de seus irmãos (José, Antônio, Inês e Maria do Socorro) cursou somente o ensino fundamental. Na verdade, Maria Aurora, que era carinhosamente chamada de “Tita” pelos familiares e amigos íntimos, constituiu-se como se fora um filho varão do comerciante, industrial, proprietário de terras e político Nominando Muniz Diniz. A filha mais velha de “Seu Mano”, que morreu solteira, teve apenas um namorado, chamado Agnélo França Diniz. Este, que era seu primo e também secretário particular de seu pai, mesmo assim não caiu nas graças do líder político que não via com simpatia aquele relacionamento. Em que pese Nominando não anuir com o namoro, Maria Aurora o manteve até que uma fatalidade a separou de seu grande amor: Agnélo contraiu um mal reumático grave que o matou precocemente, em 17 de fevereiro de 1943, aos 32 anos de idade. Depois dessa desilusão amorosa, a moça, então contando apenas 29 anos, resolveu manter-se solteira para sempre. Com essa decisão, passou Maria Aurora, a dedicar-se à administração da chamada “Casa Grande” da importante e rica família Diniz. Com o tempo, foi-se especializando na arte dos bastidores da política, tornando-se auxiliar importante do pai e do irmão (Antônio Nominando Diniz) nas articulações político-eleitorais. Nunca se candidatou a cargo eletivo algum, porém, sempre teve efetiva participação nas articulações políticas e nas campanhas eleitorais de “Seu Mano” e de doutor Antônio (ambos foram eleitos prefeitos de Princesa e deputados estaduais). Envelhecido Nominando, a filha passou a dar as cartas na mesa da política nominandista no município. Doutor Antônio, na qualidade de deputado estadual, articulava na capital João Pessoa, enquanto Maria Aurora mandava em Princesa. Com o falecimento do pai, em 1974, “Tita” tomou, definitivamente, as rédeas do comando, tanto político, quanto dos bens e dos negócios da família. Em 1976, por ocasião da escolha dos candidatos para comporem a chapa majoritária para a eleição de prefeito e vice-prefeito de Princesa, Maria Aurora apresentou o nome de Sebastião Feliciano dos Santos (Batinho), como seu candidato preferido para encabeçar a chapa. Essa decisão causou sérias objeções por parte de outros próceres do partido que intencionavam ser também ungidos como candidatos naquela eleição que se apresentava fácil para o grupo “Diniz”. No entanto, a filha de “Seu Mano” bateu o pé num acintoso enfrentamento à liderança do irmão Antônio e dos demais representantes da agremiação partidária e manteve sua determinação pela preferência do nome por ela escolhido. Diante da insistência do irmão deputado para que ela enveredasse pelo caminho da ponderação e do consenso partidário, mudando a sua decisão, “Tita” deu um murro na mesa e disse: “O candidato a prefeito, da minha e da nossa preferência, é Batinho e tá encerrado o assunto!”. Insatisfeitos com essa monocrática e contundente determinação, vários membros do partido, sentindo-se desprestigiados e preteridos em suas pretensões ameaçaram rompimento político alegando que Batinho era um “pé-rapado”, “moleque de recados” e que não reunia as condições necessárias para concorrer ao mais alto cargo do município, tampouco possuía meios para bancar e garantir uma vitória nas urnas. Diante desses argumentos a matrona deu outro murro na mesa, desta vez mais forte ainda do que o primeiro e invectivou: “Se preciso for, vendo o derradeiro boi da fazenda de papai, mas elejo Batinho!”. Em face dessa arrojada e definitiva determinação, somado à passividade de doutor Antônio e, impotentes para enfrentarem a matriarca que se consolidava como a “chefa” do clã político, a maioria dos correligionários acatou a decisão e, com o ostensivo apoio de Maria Aurora, Batinho submeteu-se às urnas e foi eleito prefeito de Princesa, derrotando João Pacote que teve o amparo eleitoral do grupo “Pereira”. “Tita” não tergiversava em suas decisões ou opiniões, fossem políticas, negociais ou de cunho particular, sendo por isso sempre respeitada. Muito religiosa, frequentava com assiduidade os ofícios da Igreja Católica. Em casa, praticava com presteza a sua generosidade nata com relação aos menos favorecidos. A chamada “Casa Grande”, situada à Praça José Nominando, após a morte de seus pais, passou a ser por ela comandada com mão de ferro, porém, de portas sempre abertas e garrafas de café sobre uma grande mesa para servir a todos de forma indiscriminada. Recebia correligionários e amigos, tratando-os sempre com muita atenção e presteza além de realizar também a política do assistencialismo – ajudava até financeiramente aos muitos que lhes procuravam -, o que proporcionou muitas vitórias eleitorais ao grupo político comandado por sua família. Em 1996, já aos 82 anos de idade, passou o bastão do comando da agremiação partidária nominandista para o marido de sua sobrinha, Flora Diniz, doutor José Sidney Oliveira que, a partir daí tornou-se o comandante político do grupo “Diniz” em Princesa. Teve idade provecta e, enquanto lúcida, administrou tanto a política quanto os bens e os negócios da família. Já passando dos 80 anos de idade foi acometida do mal de Alzheimer, cessando suas atividades quando se evidenciaram exacerbados os sintomas da doença. Completamente senil faleceu, a matriarca da política princesense, aos 87 anos de idade, em 02 de junho de 2002 e foi sepultada no cemitério de Princesa. Hoje, existem uma Rua e uma Praça (com seu busto) construídas em sua homenagem, num justo reconhecimento pelo muito que fez por sua Terra e, principalmente, pela influência que teve na condução dos destinos políticos de Princesa.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 20 DE JUNHO DE 2019)

Um comentário:

  1. Grande mulher, uma penas que muita gente dos nominandos nao puxou a ela

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