quinta-feira, 8 de agosto de 2019

CONTERRÂNEOS QUE SE ESTRANHAM




      Os princesenses Edvaldo Rosas e Tião Lucena, ambos estrelas de primeira grandeza do PSB – Partido Socialista Brasileiro na Paraíba, estão agora se digladiando através da mídia eletrônica. Edvaldo que é presidente estadual do PSB e que foi agora nomeado secretário-chefe da Casa Civil do governador e, Tião Lucena, que é procurador do Estado e acaba de ser demitido da subsecretaria de comunicação do mesmo governo, trocam farpas por motivos ainda por nós desconhecidos, se estranhando, cada um, em defesa de um lado da mesma agremiação partidária. A demissão de um e a nomeação do outro aconteceram de forma concomitante. A partir daí, Tião começou a defender a assunção do ex-governador Ricardo Coutinho à presidência do PSB e, Edvaldo (atual presidente do PSB), a defender-se argumentando que foi sob o seu comando que o partido teve grande e expressivo crescimento. “O PSB cresceu e não vejo motivo para deixar a presidência do Partido”, disse Edvaldo. Não convencido, com o que considera uma ingratidão dos antigos aliados de Coutinho, Tião rebateu o novo secretário, dizendo: “O PSB existe porque Ricardo Coutinho existe”; e aproveitou para atacar também o líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Ricardo Barbosa, agora aliado de Rosas e também taxado de ingrato pelo procurador Lucena, quando disse: “Será que já não é hora de fazer justiça ao maior líder político desta terra [Ricardo Coutinho] e jogar na lata do lixo a ingratidão?”. Com isso, observamos que o clima está de vaca desconhecer bezerro.

Excesso de poder
    
 Com o resultado das eleições do ano passado, as oposições na Paraíba - então lideradas pelo ex-senador Cássio Cunha Lima e pelos prefeitos de João Pessoa e de Campina Grande, Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues, respectivamente -, saíram das urnas completamente massacradas pela fragorosa derrota imposta pelo partido (PSB) liderado pelo então governador Ricardo Coutinho. Este, além de promover a eleição de João Azevedo para governar o Estado já no primeiro turno, fez maioria na Assembleia Legislativa, fez do candidato a deputado federal do PSB [Gervásio Maia], o mais votado e conduziu Veneziano Vital do Rego ao Senado Federal. Amealhou poder demais. Derrotado Cássio, a oposição ficou acéfala e prostrada gerando-se um vazio que, como determina a própria política, tem de ser preenchido. Os mais experientes sempre dizem que na política, quando o poder fica muito concentrado em um único grupo, é dali que surge a nova oposição e isso está se configurando na Paraíba. João, detém o poder da caneta e da chave do cofre e Ricardo, a popularidade junto ao eleitorado somada à desmedida vontade de continuar mandando. Nesse espectro se vislumbra o iminente rompimento de antigos aliados e a consequente reorganização de lugares. Nesse diapasão aparece Edvaldo, um submarino, que age nas sombras, pois, embora ame o poder, detesta aparecer e, Tião - defenestrado do poder por João -, que corre em socorro de Coutinho que poderá socorrê-lo mais tarde. Aliás, vale registrar aqui que, enquanto Rosas corre, poderosamente submerso, Lucena emerge em seu atual desprestigiamento político atirando em todo mundo, pois, não consegue viver longe de governadores. Estilo é estilo. Não sei quem deu mais ou melhor estilo a quem. Só sei que, dona Nininha e dona Emília os criaram muito bem.

E Princesa, como fica?
     
 Tião e Edvaldo são princesenses, descendentes de famílias ilustres e figuram como expoentes de grandeza considerável no cenário paraibano. Ambos do mesmo partido, porém agora, se bicando. O primeiro, que é irmão da gerente da 11ª Gerência Regional de Educação, sediada em Princesa, já chegou a afirmar recentemente que, caso o atual prefeito de Princesa – filiado ao partido do governador -, não possa concorrer à reeleição, ele votará e fará discursos em prol de Sidney Filho que é o pré-candidato do PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira. O segundo, que é agora o secretário mais importante do governador João Azevedo, mesmo brigando, continua defendendo os candidatos aliados do governador. Juntos, Rosas e Lucena poderiam trazer muitos benefícios para a terrinha, o que mesmo quando unidos não o fizeram porém, brigando agora, isso se torna mais difícil ainda. Tomara que haja uma trégua uma vez serem, os dois, ovos do mesmo ninho, pois, com essa briga um deles pode gorar. Acredito que o da galinha que agora choca os ovos tem mais chances de sobreviver do que o que estava no ninho da galinha que largou o choco, porém, não levantou a postura.

(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 08 DE AGOSTO DE 2019)

Um comentário:

  1. A título de esclarecimento: não sou filiado a partido político. Como jornalista, me sinto no direito de emitir opinião. Não briguei com o estimado Edvaldo, apenas acho que ele esqueceu de citar Ricardo Coutinho quando falou do crescimento do partido. Quanto ao voto em Sydney, não poderei dar porque não voto em Princesa. E se votasse, claro que seria em Ricardo Pereira, que será candidato vocês querendo ou não.
    Sim, não fui demitido. Demissão se dá quando o cargo é efetivo. Pedi exoneração. Pergunte a João Azevedo .

    Quanto ao blog , está muito bom. Leio todo dia e o dia todo. Voce é qui nem eu: sabe fazer raiva com maestria.

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