terça-feira, 27 de agosto de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





BELARMINO MEDEIROS, mais conhecido como “Belo Medeiros”, nasceu em Princesa, em 22 de setembro de 1908 e era filho de Plácido José de Medeiros e de dona Filomena Leandro. Casou-se com dona Rosenda Frazão, que era filha do major José Frazão e neta do major Feliciano Rodrigues Florêncio, com quem teve um filho chamado Robson. Belo Medeiros, estudou as primeiras letras na escola do professor Adriano Feitosa e completou o curso primário, já rapaz, no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Autodidata, Belarmino sempre foi afeito ao hábito da leitura e tinha especial predileção pela poesia. Assim, mesmo sem completar seus estudos de maneira formal, tornou-se um intelectual pelo vasto conhecimento adquirido através das contumazes leituras e das várias viagens que empreendeu por todo o Brasil. Ainda muito jovem tornou-se gerente da “Casa Estrêla”, estabelecimento comercial de seu rico irmão, Sebastião Medeiros.  Extraído do livro de minha autoria: “Princesa – História e Voto”, temos: A “Casa Estrêla”, fundada em 1927, já naquela época expandia suas ações comerciais em duas filiais: uma no vizinho distrito de Tavares e a outra no distrito de Alagoa Nova (atual Manaíra). Tinha também – o negócio de Sebastião -, muita influência nas comunas do Vale do Piancó, vendendo em grosso para as praças de Nova Olinda, Sant’Ana, Conceição, Misericórdia (atual Itaporanga), dentre outras.”. Como vemos, a casa comercial gerenciada por Belo era um empório de grande importância, o que denota a capacidade administrativa do nosso biografado. Saído da gerência da Casa Estrêla, Medeiros, após casar-se, mudou-se para a cidade de Rio Branco (atual Arcoverde) no estado de Pernambuco. Ali administrou uma farmácia e, como sempre, levava uma vida muito movimentada no campo social. Era o que podemos chamar de bom vivant.   Bem apessoado e vaidoso, gostava e sabia desfrutar os prazeres da vida. Em 1955, já rico e residindo em Rio Branco chegou ao auge quando teve o privilégio de ser o condutor - em seu automóvel americano da marca pontiac -, do então candidato à presidência da República, Juscelino Kubitschek, quando da visita eleitoral deste, àquela cidade, do campo de pouso até o centro de Rio Branco.

                                                       Incursão na política
                                                                      
     Em 1951, Belarmino foi escolhido pelo PSD – Partido Socialista Democrático - liderado pelo então deputado federal Alcides Vieira Carneiro -, para concorrer como candidato a vice-prefeito de Princesa, na chapa encabeçada por Zacharias Sitônio. Eleito, tomou posse no cargo de vice-prefeito em 30 de novembro daquele ano, ocasião em que foi escolhido para fazer o discurso oficial de posse. Pereirista que era, aproveitou a oportunidade para fazer uma homenagem ao coronel José Pereira, falecido dois anos antes, no que perorou: “(...) a grande figura do coronel José Pereira Lima, que, apesar do falecimento, o mesmo não passa por esquecido, porque o povo jamais esquecerá aquele grande político sertanejo que batalhou, como chefe político local e deputado estadual, pelo constante engrandecimento da nossa terra (...)”. Por motivo do afastamento do prefeito Zacharias Sitônio, pela Justiça Eleitoral, Belo Medeiros assumiu o governo, interinamente, em 1º de outubro de 1952, permanecendo na chefia da administração Municipal até o dia 08 de novembro desse mesmo ano.

O intelectual

     Belo Medeiros tinha vasta biblioteca e recitava décor obras completas dos renomados poetas Augusto dos Anjos e Castro Alves. Fazia também as suas. Há quem diga que elaborou um trabalho literário sobre dramaturgia e que entendia e falava algumas palavras do idioma francês e que, em seu périplo – tendo viajado muitas vezes ao Rio de Janeiro -, conheceu muitas personalidades da política e da intelectualidade nos cabarés chiques da “Lapa” carioca. Foi Belo Medeiros quem sugeriu que o nome da rua onde - a partir da década de 1940 -, passou a funcionar o Cabaré de Princesa, fosse denominada de “Rua da Lapa”. Lamentavelmente nada consegui recolher para aqui reproduzir. Além do amor pelas letras, Medeiros era também um exímio contador de histórias, o que aprendera, em parte, pelo gosto de conversar com os mais velhos. Mesmo muito jovem, era muito amigo do major Feliciano Florêncio com quem encetava longas conversas por admirar a inteligência e a presença de espírito do velho, que era avô de sua esposa; com isso, muito do que Feliciano sabia e lhe disse, Belo reproduziu em conversas com os amigos, pena que muito disso ficou esquecido e sem nenhum registro. Conta-se que o major Feliciano não gostava do sobrenome “Medeiros” por conta de uma rixa antiga com um importante membro daquela família e brincava com Belarmino dizendo ser o mesmo de “raça ruim”, acrescentando que, os “Medeiros” eram uma corruptela de “merdeiros” (aqueles que conduziam ancoretas contidas da merda produzidas pelos ricos para serem despejadas todos os dias). Dizia o velho, com deboche, que Belo vinha dessa descendência. Porém, tudo não passava de divertida brincadeira. Belo Medeiros que fez sucesso nos negócios e na política faleceu, pobre e quase nonagenário, na cidade de João Pessoa e está para Princesa como um seu patrimônio cultural, uma vez representar a alta sociedade e haver sido membro da intelectualidade e da política princesense.

(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 27 de agosto de 2019).
                    

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