sexta-feira, 9 de agosto de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES



Da esquerda para a direita: capa do livro de Érico de Almeida; Cel. Zé Pereira e o presidente João Suassuna

ÉRICO GOMES DE ALMEIDA, filho de Eneas Gomes Soares de Almeida e de dona Ana Dionísia Regina de Almeida, nasceu na cidade de Parahyba, então capital da província da Parahyba do Norte, em 07 de julho de 1896. Após terminar seus estudos primários e secundários, ingressou ainda adolescente nas oficinas do jornal paraibano “O Norte”, onde militou por oito anos. Aos 24 anos de idade, Érico de Almeida deixou a redação do referido veículo de comunicação e entrou para o serviço público federal como funcionário do Ministério da Agricultura. No final do ano de 1920, nosso biografado foi designado para servir na então Vila de Princêza. Ali acabara de ser instalado um escritório do Ministério da Agricultura com o fito de promover o combate à “praga da lagarta” que estava exterminando as plantações de algodão (principal produto na pauta de exportações da Paraíba na época) de toda a região. Chegado à Vila, Almeida (como passou a ser chamado), começou a trabalhar e a se fazer respeitado por todos pela sua inteligência e capacidade de fazer amizades. Em pouco tempo, enamorou-se de uma bela jovem princesense, chamada Rosa, que era filha de uma das mais tradicionais famílias da cidade. Trabalhando em Princesa e participando das atividades culturais que ali se manifestavam com muita efervescência no início daquela década importante para a cultura princesense, o jovem funcionário público federal decidiu estabelecer sua estadia nessa, agora charmosa cidade (Princesa foi emancipada politicamente, de forma definitiva, desligando-se da dependência de Piancó/PB, em 18 de novembro de 1921). Em 31 de março de 1922, Almeida casou-se com a senhorita Rosa Duarte Rodrigues, filha de Joaquim Duarte Rodrigues e de dona Senhorinha Maria Duarte. Com o término do governo do único paraibano que chegou à presidência da República, Epitácio Pessoa, o escritório que dava suporte ao combate da “praga da lagarta” em Princesa foi fechado e, Almeida, então desempregado – por indicação do coronel Zé Pereira -, foi convidado no final de 1924, pelo recém-eleito presidente do agora estado da Paraíba, João Suassuna, para escrever uma biografia do cangaceiro Lampião que já nessa época, era atribuído de muita fama, tanto pela violência quanto pela capacidade incrível de escapar da perseguição das polícias de alguns estados nordestinos. Destituído de suas atividades de barnabé federal, Érico de Almeida aceitou o convite do presidente (governador) e a subvenção, tanto por parte do Estado como por parte do coronel José Pereira Lima que foi o propositor da obra, indicador do escritor e maior incentivador para a lavratura desse memorável registro biográfico, que é a primeira biografia escrita sobre Lampião, o “Rei do Cangaço”. Segundo o historiador e membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, José Romero de Araújo, o livro: “Lampeão – Sua História”, editado pela Imprensa Oficial do Estado da Paraíba, em 1926, recebeu menção do famoso escritor paulista Mário de Andrade que escreveu dizendo achar que, pelo caráter apologético definido na obra – onde Suassuna é louvado pelo empenho persecutório ao “Rei do Cangaço” -, Almeida seria um pseudônimo utilizado por João Suassuna o que, segundo José Romero, não é verdade. A obra de Érico Gomes de Almeida, pelo seu pioneirismo e pela veracidade dos fatos que, colhidos in loco e em tempos contemporâneos, merece nossos aplausos, principalmente, por ter sido produzida na cidade de Princesa. Observe-se que, nessa época, o coronel José Pereira, grande promotor da cultura da promissora cidade sertaneja, tornou-se um verdadeiro mecenas daqueles que tinham capacidade de produzir culturalmente. Protegeu vários intelectuais da época, a exemplo de Waldemar Emygdio de Miranda, porém, com Érico de Almeida foi diferente, pois, este era também o bibliotecário do Coronel, era quem organizava os papéis de Zé Pereira - seu financiador e protetor. Mas isso é outra história. O que interessa mesmo – nesse importante perfil biográfico -, é o resgate de um fato contido de muita grandeza cultural e histórica: o primeiro registro biográfico sobre Lampião, o “Rei do Cangaço”, foi escrito em Princesa e financiado por um dos mais ilustres filhos desta Terra, o coronel José Pereira Lima. Érico de Almeida, logo após a “Guerra de Princesa”, temeroso de perseguições políticas, deixou a cidade e, desde então não retornou mais a Princesa. Segundo informações orais, o nosso conterrâneo por adoção, faleceu na década de 1960, na cidade do Rio de Janeiro. Pelo amor que desenvolveu por Princesa e pela importante e precursora obra aqui produzida está, Érico Gomes de Almeida a merecer as honras dispensadas aos demais princesenses ilustres.

(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 09 DE AGOSTO DE 2019)

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