terça-feira, 15 de outubro de 2019

HOMENAGEM A MINHA MÃE





Hoje, 14 de outubro de 2019, a minha mãe, Osana Maria Roberto, se viva fosse, estaria completando 105 anos de idade. Pessoa de bondade extrema e que dedicou grande parte de sua vida a servir aos outros, principalmente aqueles mais necessitados. Quase tudo em sua vida aconteceu de forma extemporânea. Já com mais de 30 anos de idade, resolveu ser freira. Porém, um fato diferente de sua vontade mudou totalmente sua vida. Em setembro de 1953, o senhor Manoel Maximiano dos Santos (Major Nequinho), rico comerciante residente em Princesa, enviuvou de sua segunda esposa e, movido pela informação de que seu compadre Manoel Roberto Ferreira na cidade vizinha de Flores/PE tinha três filhas solteiras, resolveu visitar o compadre. Lá chegando interessou-se pela filha mais de Manoel Roberto, uma moça de 49 anos chamada Maria. Porém, enquanto o major confabulava com o amigo na sala de estar da casa deste, vislumbrou outra moça, bem mais nova, no interior da casa. Perguntou ao compadre quem era aquela, ao que obteve como resposta: “É Osana, minha filha mais nova”. Ao que o major disse imediatamente: “Pois, compadre Manoel, é com ela que eu quero noivar”. Meu futuro avô chamou a minha futura mãe e perguntou: “Osana, compadre Nequinho quer noivar com você. O que você acha?”. A filha, de forma humilde e submissa, respondeu: “Se for da vontade de meu pai...”. E assim, Osana deixou de ser noiva de Cristo para noivar com o Major. O noivado durou pouco, pois, já em 03 de janeiro de 1954, Osana Maria Roberto se casava com Manoel Maximiano dos Santos. A despeito da extemporaneidade, as coisas com ela aconteciam rápido também. Já em 12 janeiro de 1955 Osana tinha o primeiro filho do major. Ela contava com 40 anos de idade e, o major, 78; pouco mais de dois anos depois, em 15 de julho de 1957, Osana dava à luz o segundo filho (este que escreve) e, em 26 de setembro de 1960, aos 46 anos ela tinha a sua última filha, Maria do Bom Conselho. A convivência de minha mãe com meu pai, apesar de efêmera (07 anos apenas), revestiu-se de exacerbado “respeito”, pois, Osana chamava o major de “seu Nequinho” e se dirigia ao mesmo sempre o chamando de “senhor”. Era assim o estilo daquela época.

Vida difícil

Em maio de 1960, antes mesmo de a última filha nascer, morreu o major de infecção generalizada. A partir daí, as coisas tornaram-se dificílimas para dona Osana. Passamos toda a família, de ricos para miseráveis. As dificuldades para promover a criação dos filhos se apresentaram logo após o falecimento do marido e, Osana, já com quase 50 anos de idade, conseguiu um emprego no Hospital São Vicente de Paulo, através de amizade construída com dona Maria Aurora Diniz pela convivência nos ofícios religiosos da igreja Matriz de Princesa. Com muita dificuldade criou os três filhos pautando sempre sua orientação na ética, honradez, respeito e rígida religiosidade.
                  
Filantropia

Mesmo sem descuidar da educação e encaminhamento dos filhos, dona Osana cuidou também daqueles mais necessitados que encontrasse desamparados. Fossem velhos, adultos ou crianças, estava sempre pronta para servir com dedicação. Na qualidade de membro da Ordem Franciscana Secular, seguia à risca o apostolado franciscano quando estava sempre pronta para socorrer os mais pobres e mais necessitados, o que fazia, muitas vezes, usando as dependências de sua própria residência. Em reconhecimento pelo muito que fez dona Osana, o vereador Batinho apresentou Projeto de Lei à Câmara Municipal que aprovou a adoção do nome de “Dona Osana Maria Roberto” para uma das ruas do Bairro Maia de Princesa e, mais tarde, foi também dado seu nome à Unidade de Apoio Infantil da Prefeitura de Princesa. Temerosa da morte, a minha mãe teve o alento de falecer de forma tranquila: teve um infarto na tarde do dia 18 de junho de 1999 e morreu na madrugada do dia seguinte sem muito sofrimento. Por tudo o que representou para nós e pelo muito que fez por muitos, está, dona Osana a merecer – no que seria a data de seu aniversário -, esta homenagem e, tenho certeza de que ela não está nos poleiros, mas sim nas cadeiras confortáveis do picadeiro que é o céu para onde muitos pensam que vão.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 14 de outubro de 2019).

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