sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS ENGRAÇADAS DE PRINCESA





CHICO ANTAS E O JUMENTO


O ano era 1973. Prefeito de Manaíra/PB, Francisco Antas fazia uma boa administração. Embora com pouquíssimos recursos, Chico Antas, como era chamado por todos, calçava ruas, pagava ao funcionalismo em dia, construía grupos escolares na Zona Rural, dentre outras atividades administrativas. Além disso, era respeitado pela população. Homem de comércio, havia sido eleito graças ao seu bom relacionamento com todos, uma vez ser pessoa pacata, de temperamento cordato e muito direito em seus negócios.

A fiscalização

Certo dia, o prefeito recebeu, logo cedo, a visita de auditores do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba para verificarem as contas da Prefeitura. Chico Antas os recebeu com educação e presteza, colocando um servidor público à disposição dos mesmos. Os auditores solicitaram todos os livros de registros da Prefeitura. O funcionário, disciplinado, trouxe tudo o que existia de documentação e colocou em cima da mesa daqueles agentes estaduais. Analisando a papelada, um dos auditores reclamou a ausência do livro com os registos das movimentações financeiras e contábeis. O servidor informou que esse livro não existia. Com isso, os fiscais pediram a presença do senhor prefeito para dar-lhes explicações.

Justificativa do prefeito

Atendendo à convocação, Chico Antas compareceu para justificar a razão do sumiço do referido livro. Um dos auditores começou a inquirição:
- “Seu” Francisco, o senhor pode me explicar sobre a ausência do livro de registro das movimentações financeiras e contábeis da Prefeitura?
Chico Antas pigarreou e começou a contar a história:
- Meu senhor, a história é meio comprida. Ano passado, deu uma chuva muito grande aqui em Manaíra e, o “agerol” da tesouraria estava estragado - por irresponsabilidade de meu antecessor - e água caída da chuva molhou todos os papeis daquela sala. No outro dia, eu mandei botar tudo na calçada, para secar ao sol. O funcionário botou os livros lá e se esqueceu deles. Acontece que apareceu um jumento faminto e comeu o livro da contabilidade. Os outros estão todos aí.
Com ar de surpresa, o auditor perguntou:
- Mas, “seu” Francisco, o jegue só comeu o livro da contabilidade?
O prefeito respondeu:
- Pois é doutor, o jumento não sabia ler, né?
Os auditores se entreolharam como que desconfiando da veracidade da história contada pelo Prefeito e, um deles, disse:
- Pois é, senhor Prefeito, providencie ajeitar esse tal de “agerol”, mande prender esse jumento e compre outro livro para a contabilidade do município.
Dada à fama de honesto de Chico Antas, a única punição foi essa admoestação e os auditores partiram de volta para a capital do Estado.

(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 06 de dezembro de 2019).

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