segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

O JUÍZO ESTÁ NO FINAL, OU SÓ COMEÇANDO?





Ontem, a revista eletrônica semanal da Rede Globo de Televisão, “Fantástico”, veiculou extensa matéria sobre os fatos ocorridos em nosso Estado, durante a semana passada. Na reportagem, aquele programa retratou o ex-governador Ricardo Coutinho em similaridade ao que vem fazendo com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, aos ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e outros pesos pesados da corrupção nacional. Coutinho, que um dia foi cotado para figurar numa chapa como candidato a vice-presidente da República; que esnobou quando deixou de concorrer a uma vaga - com eleição supostamente garantida -, para o Senado Federal e que elegeu uma “porta” para sucedê-lo no Governo do estado da Paraíba, se encontra, agora, em situação de similaridade aos maiores bandidos da política nacional.

Desnudamento moral

A devastadora reportagem expôs para todo o Brasil, um esquema de corrupção nunca visto na Paraíba e que se compara, até em proporções, ao que aconteceu no estado do Rio de Janeiro. Novamente, a exemplo de 1930, quando a Paraíba surgiu do nada e projetou-se nacionalmente sendo contrária às orientações políticas da “corte”, hoje, a “pequenina” – como a chamava o saudoso tribuno princesense, Alcides Carneiro -, ocupa o cenário nacional como um antro de quadrilheiros, chefiados pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que assaltaram os cofres públicos com avidez nunca vista. A vestal que comandou a prefeitura da capital e o Palácio da Redenção por quase 14 anos consecutivos e que nunca perdeu uma eleição, para ali conduzido sob o discurso da moralidade, da ética e, principalmente, da honestidade, promoveu e patrocinou o maior descalabro em termos de bandidagem oficial.

Sem justificativa

É certo que Coutinho foi preso e, em que pesem as evidências de culpabilidade, logo foi solto por ordem superior da Justiça de Brasília, o que vem sendo questionado pela grande imprensa nacional, com insinuações até de apadrinhamento. Porém, a consistência das acusações, acompanhadas de provas irrefutáveis - quando existem até áudios com a voz do ex-governador dando instruções sobre a distribuição das propinas -, põe em banho-maria uma situação que consideramos insustentável, pois, mais dia, menos dia, a comprovação de sua culpa virá à tona e a arrogância acompanhada do discurso de honestidade, cairá por terra. Aliás, é sabido por todos que, religiosidade e honestidade demais, fazem muito mal à saúde moral.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 23 de dezembro de 2019).

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