NÉLSON BARBOSA DE
ARAÚJO nasceu em
Princesa, em 27 de maio de 1962. Filho do agricultor João Barbosa de Lima e de
dona Anália Alves de Araújo Lima. Estudou as primeiras letras e o curso
fundamental na Escola Municipal Rural Mista do sítio “Saco dos Deodatos”.
Adolescente, veio para Princesa onde fez os cursos ginasial e médio na Escola
Cenecista “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Desde criança, apresentou pendores
para a arte das letras na modalidade poesia e cordel. Terminadas as jornadas
educacionais que poderiam ser feitas em Princesa, Nélson transferiu-se para a
capital do Estado, João Pessoa, onde prestou vestibular e iniciou o curso de
graduação em Letras. Formado, fez Mestrado e Doutorado, tudo isso na UFPB –
Universidade Federal da Paraíba. Finda essa etapa, preparou-se, em
pós-doutoramento pela Universidade de Portugal.
Intelectual das letras e sua produção
literária
Ao completar seus estudos, Nélson Barbosa, preparadíssimo, já
era um virtuose na feitura de poesias e exímio contador de histórias,
principalmente das que tratam do folclore do sertão e das coisas que dão conta
da famosa “Guerra de Princesa”. Empedernido amante de Princesa e regionalista
por excelência, homem que cultua os símbolos e as indumentárias que
caracterizam o homem do sertão, Nélson Barbosa nunca esqueceu a Terra, tendo-a
sempre como tema de suas criações literárias. Sobre nosso biografado, escreveu
a jornalista e crítica de arte, Cibelly Correia, no Jornal “Contraponto”, em
janeiro de 2012:
“Ele me disse que quando nasceu,
surgiu nas redondezas uma grande questão: ninguém sabia dizer se ele era doido
ou poeta; mas foi o escutando que cheguei a uma conclusão: se ele era doido? Eu
não sei. Se ele era poeta? Eu pensei, deve haver um pouco de loucura e poesia nas
rimas desse contador, na qual a realidade e a fantasia se misturam para contar
as milhões de histórias que Nélson Barbosa tem para falar”.
Criado na Zona Rural, onde se dissemina com paixão a prática
das cantorias promovidas por cordelistas, Nélson cresceu nesse meio e, além de
já naturalmente propenso a essa arte, teve o incentivo doméstico da mãe Anália,
de quem certamente herdou a tendência para fazer versos, e de seu tio Laurindo
Antônio de Medeiros, grande cordelista e charadista da “Escorregada”. Desde
criança, adorava escrever cordéis, principalmente sobre a invasão (que não
houve) de Princesa. Hoje, tem decorado todos os ritmos e modalidades da
cantoria. Com já vimos, além da graduação em Letras, Barbosa tem especialização
em pedagogia e é mestre em Semiótica e Linguística e doutor em Literatura Oral
e Tradicional. Segundo reportagem assinalada no Jornal “Contraponto”, datada de
janeiro de 2012: “(...) Apaixonado pela
história da cidade onde nasceu Nélson focou seus estudos para contar a Guerra
de Princesa, no contexto da Revolução de 30, sob o ponto de vista do povo”. Nas
palavras do nosso biografado: “Eu que vim
de lá escutando meu pai e todo o povoado dizer: ‘Foi bem ali que aconteceu isso
e aquilo’. Fiquei com isso na cabeça. Então resolvi fazer meu trabalho de
mestrado e do doutorado expondo a Guerra sob a visão dos moradores. Em 1999,
com uma ideia e uma câmera na mão, me ‘mandei’ para Princesa, para entrevistar
essas pessoas que brigaram na guerra ou que foram testemunhas oculares”.
Amante da literatura regional e folclorista escreveu um livro em cordel
intitulado: “A Caipora e o Fim do Mundo”. Defensor da natureza, Nélson Barbosa
escreveu, em 2011, um trabalho tratando de um massacre de quatorze gatos
ocorrido nas dependências da UFPB, que nominou de: “Massacre dos Gatos”. O
nosso cordelista lançou também, em 2009, o curta-metragem: “Casa de Lirismo”.
Esse documentário foi gravado em sua própria casa e mostra toda a sua poesia,
através das rimas, mostrando as ficções e as lendas, na qual os personagens
tentam dar vida às suas histórias. O filme em tela foi premiado no Festival
Internacional de Curtas em São Paulo e exibido no Cineport – Festival de Cinema
de Países de Língua Portuguesa.
Auto definição do poeta e algumas
estrofes
Nas palavras de Nélson Barbosa, o poeta se auto define: “Minha poesia é a alma da poesia sertaneja.
Ela é essencialmente popular e dispensa o dicionário. Meu poema tem tradição
dos dizeres populares e tudo o que está implantado na mente desse sertanejo ao
longo do tempo, tem humor e uma mensagem de cunho social. Minha narrativa
sempre tende a voltar à natureza e mostrar toda a grandeza que está nas
estrelas”. Em reconhecimento e agradecendo ao jornal “Contraponto”, que lhe
prestou homenagem em vasta reportagem sobre sua arte e sua vida, Nélson fez de
improviso, alguns versos que consideramos importante aqui reproduzi-los:
A marca
desse Jornal
É fruto de
um grande encontro
Entre os
mestres da palavra
Da poesia e
do conto
Pelo
Carvalho da Lei
Seu nome já
decifrei:
É o JORNAL
CONTRAPONTO.
É barato e
tem desconto
Quão
verdadeiro e profundo
Por isso que
é um sucesso
Seu conteúdo
fecundo
É a senha da
verdade,
Noticiando a
Cidade,
Estado,
Brasil e Mundo.
É primeiro
sem segundo
É signo
universal
Que me
inspira um apelo
Para a força
divinal
Proteger,
nesse ano novo
O
Contraponto do povo
Tão precioso
Jornal.
Nélson Barbosa de
Araújo, esse princesense que engrandece a nossa terra quando, através de sua
arte, divulga sua história aos quatro cantos com exímia competência e
criatividade, está a merecer ser inscrito no rol dos filhos ilustres de
Princesa.
ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE
DEZEMBRO DE 2019.
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