TORÓ, JOÃO MANDÚ E AS APURAÇÕES
As eleições de 1968, para a escolha de prefeito em Princesa
foram muito acirradas. Concorreram três candidatos: Antônio Nominando Diniz,
pela ARENA e Miguel Rodrigues e Joaquim Mariano, pelo MDB-1 e MDB-2,
respectivamente. Nas apurações, estrategicamente, Antônio Nominando que, além
de candidato era um dos chefes da ala nominandista,
preventivamente, decidiu impetrar impugnação de duas urnas onde desconfiava que
tivesse minoria de votos. Pediu ao senhor Marçal Lima Neto – um dos próceres do
partido arenista, concessionário do Cartório do 2º Ofício e amigo leal da
família Diniz -, para dar-lhe cobertura e assistência nesse intento. Atendendo
a essa solicitação, Marçal pediu o apoio dos amigos, pois, naquele momento, no
Fórum, onde se realizavam as apurações, estavam todos os membros das cúpulas
dos dois partidos políticos. Pelo lado do grupo “Pereira” estava, além dos dois
candidatos - Joaquim e Miguel -, também Aloysio Pereira, Gonzaga Bento e os
irmãos deste: Pedro, Paulo e Rafael. Como era de costume naquela época, quase
todos ali estavam armados de revólveres. Ânimos exaltados pela renhida
campanha, ficaram todos de prontidão enquanto doutor Antônio propunha a
impugnação da urna. Antes de dirigir-se ao Juiz Eleitoral, doutor Moacir
Medeiros, o candidato da ARENA, aparentando destemor disse: “Protejam a
retaguarda que a frente eu garanto”.
Solidariedade
O velho Toró (àquela época ainda
moço), aliado de Nominando e, no afã de demonstrar solidariedade e fidelidade
partidária, saltou de lá e, apontando para um galego alto e robusto que estava
perto do Juiz, disse: “Se mexerem com doutor Antônio, o primeiro que eu pego é
aquele irmão de Gonzaga Bento”. Escutando
essa ameaça, Marçal Lima, que estava ao seu lado e vendo prá quem Toró
apontava, retorquiu: “Tu és doido, Toró! Aquele é João Mandú e é do nosso
lado”. O desavisado Toró havia vindo a poucos meses do sítio “Jacu” para morar
em Princesa - e, portanto, conhecedor de pouca gente -, quase bota o xerém a
perder. Não fora o tabelião, em havendo briga Toró teria se engalfinhado com o
sacristão e, certamente, dada a juventude e o vigor físico do que seria
agredido, teria Toró, levado a pior.
(EXTRAÍDO DO LIVRO
“PRINCESA, HISTÓRIA E VOTO” E ESCRITO EM 03 DE FEVEREIRO DE 2020)
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