quarta-feira, 15 de abril de 2020

MANDETTA: “COMIGO NINGUÉM PODE?”




Nas palavras do quase ex-ministro Luiz Henrique Mandetta: “Médico não abandona paciente”. Bolsonaro replica: Tem gente que está extrapolando, virando estrela”. O vice-presidente Hamilton Mourão, numa referência ao jogo de polo, completa: Mandetta avançou o sinal, ultrapassou a linha da bola, merece cartão!Enquanto o ministro da saúde, resoluto, não abandona o impaciente presidente da República, o vice vem em socorro do segundo, justamente para instigá-lo a demitir o ministro rebelde e desqualificá-lo [Bolsonaro], perante a população. Depois de ver estampado na capa da revista semanal ISTOÉ, que ele [Mourão] seria a solução, está mexendo os pauzinhos para viabilizar sua assunção ao poder. O “mito”, impotente diante dessa esdrúxula situação em que um seu auxiliar [Mandetta] diz o que quer, discorda de sua Excelência publicamente, desafia a autoridade do chefe quando questiona a quem o povo deve obedecer se a ele próprio ou ao presidente, coloca o chefe da Nação numa tremenda saia justa. Mandetta, fazendo tudo para ser demitido e, Bolsonaro, por sua vez, em sua exacerbada vaidade, não demite o ministro para não ver a popularidade do mesmo aumentar ainda mais do que os 76% que já tem e, com isso, fabricar um monstro que pode lhe prejudicar lá na frente.

Mandetta na UTI

A situação é insustentável. Mandetta já era, está fora. Assumirá o cargo um indicado pelo presidente que concorde com as posições do chefe. Ou seja: a favor do relaxamento do isolamento social e da aplicação da cloroquina como medicamento salvador para os pacientes da COVID-19. Todo um trabalho que vem sendo desenvolvido com competência será interrompido para atender tão somente caprichos de um presidente que não suporta concorrência, que não sabe lidar com o contraditório. Prova disso é a incompatibilização de Bolsonaro com os governadores dos principais Estados da Federação: Dória e Witzel, porque vê neles possíveis adversários nas eleições presidenciais de 2022. Não está suportando o brilho de seu ministro da saúde na competente condução da saúde nesse momento de Pandemia do Coronavírus. Certo de sua queda, Mandetta já avisou aos seus auxiliares mais próximos: “Até sexta-feira, serei ex”. De gavetas vazias, o ministro aguarda apenas o veredicto presidencial.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 15 DE ABRIL DE 2020).

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