domingo, 21 de junho de 2020

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS ENGRAÇADAS DE PRINCESA



VIGOZINHO, JESUS E A PROMOTORA

Membro de uma família decente de Princesa, existia aqui um senhor de meia idade, chamado Virgulino e apelidado de “Vigozinho” que, fraco do juízo, de vez em quando surtava e ficava pelas ruas conversando sozinho, porém, sem fazer mal a ninguém. Vigozinho era afixado nas coisas da Justiça e, como residia próximo ao Fórum da cidade, estava sempre a presenciar os procedimentos judiciais, principalmente os juris que aconteciam de três em três meses. Certo dia, houve um júri especial. Isso, pelo fato de estar sendo julgado um réu que havia praticado um assassinato bárbaro no Açougue de Princesa. O nome do réu era Jesus e Vigozinho estava lá. Tudo pronto para os debates entre o Advogado de Defesa e a Promotoria de Justiça, esta representada pela doutora Lúcia Marsicano. Iniciados os procedimentos, dra. Lúcia começou com seus argumentos de acusação. Enquanto isso, Vigozinho, sentado a uma das cadeiras dispostas na sala do Tribunal do Júri, escutava atentamente. Naqueles meios, a Promotora disse: “Senhores Jurados, os senhores não têm ideia do bárbaro crime que este homem perpetrou contra uma pessoa inocente e indefesa. Este homem, esse Jesus, é um bandido sanguinário! Merece ser condenado! ”. Ouvindo essa assertiva da doutora Lúcia, Vigozinho pôs-se de pé e disse: “Tá doida? Como ousa chamar Jesus de bandido? Eu não aceito isso. A senhora é uma rapariga! ” Aí, o tempo fechou. Toda a sala emudecida, a Promotora virou-se para os policiais que guardavam o réu e determinou: “Prendam esse homem! ” Os policiais obedeceram à ordem e levaram Vigozinho para a Cadeia Pública. Sabedores do fato, familiares do preso acorreram ao Fórum e intercederam junto ao Juiz, doutor Manoel Paulino da Luz, para que liberasse Vigozinho sob a alegação de que o mesmo era doido e não sabia o que falava. Diante da inimputabilidade constatada, o Juiz mandou soltar o louco. Sanada a situação? De jeito nenhum, pois, Vigozinho, todos os dias ia para a calçada do Fórum e, quando a doutora Lúcia chegava em seu carro para dar seu expediente, Vigozinho dizia: Ela é uma rrrrrapariga! ”. Mesmo diante dessas provocações quase diárias, a coisa passou a ser divertida e, até a Promotora passou a não dar mais importância. O doido, porém, levou para o túmulo o ódio desenvolvido contra a promotora que chamou jesus de bandido. E Vigozinho, certamente, pelo empenho em defender o Todo Poderoso das acusações de uma “rrrrrapariga”, deve ter tido perdoados todos os seus pecados, enquanto o Jesus da terra (o assassino), pegou 18 anos de prisão.


DSMR, EM 19 DE JUNHO DE 2020

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