Uma tradição milenar
Que expressa por todo canto
O nascimento do santo
Estão querendo acabar.
Não tem como acreditar
Que vão querer proibir
Interditar, coibir
Com uma medida dura,
O símbolo dessa cultura
Nossa fogueira impedir.
Fazer aglomeração
Eu até fico calado
Que isso seja evitado
Na noite de São João.
Mas a nossa tradição
Que é de fazer fogueira
Na fazenda, na ribeira
Em toda localidade,
Me desculpe autoridade
Mas parece brincadeira!
Quando chega o mês junino
O sertanejo se arruma
Compra festejo de ruma
Saudando o santo menino.
A cara do nordestino
São as festas de São João
Comidas típicas, balão
E o terreiro a noite inteira
No claro duma fogueira
Cultuando a tradição.
Na cidade tudo bem
Eu até que compreendo
Mas no sítio não entendo
Qual o problema que tem?
Não fará mal a ninguém
A família reunida
Fogueira acesa, comida
No céu brilhar foguetão,
E mostrar que o São João
Faz parte da nossa vida.
Tão querendo até multar
Quem for desobedecer
E fogueira for fazer
Para são João festejar.
Mil reais têm que pagar
Duma maneira geral
Mas perguntar não faz mal:
Pro Covid ser vencido
Não já tão tudo munido
Do dinheiro federal?
Me diga pra que cobrar
Dum cidadão sem maldade
Que em sua simplicidade
O São João quer saudar?
Não é nada salutar
Essa multa é sem estorvo
Não introduz nada novo
Nem aqui nem no estrangeiro,
E em vez de querer dinheiro
Devia dar era o povo.
Essa vai ser a primeira
Que a nossa tradição
Vai passar o São João
Sem ter queima de fogueira.
Sem a gente a noite inteira
Sentir aquela quentura
Bater papo sem censura
Com seu povo predileto,
Por causa de um decreto
Que veta nossa cultura.
Poeta cordelista
Rena Bezerra
São José de Princesa - PB
11/06/20
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