ANTÔNIO MAIA, foi o quinto prefeito eleito de Princesa. Maia, nascido em Princesa, em 04 de novembro de 1920, era filho do comerciante e agricultor, Belarmino de Oliveira Maia (mais conhecido como Belo Maia) e de dona Joana da Silva Maia (mais conhecida como dona Batistina). Casou-se, em primeiras núpcias, com dona Antônia Diniz Maia, com quem teve os filhos: Glicério, Maria Lucina, Guilherme e Alexandre. Viúvo, mais arde, casou-se com dona Magna Diniz Maia, com quem teve os filhos: Glicério e Cláudia. Adulto, Antônio Maia adentrou no ramo do comércio, estabelecendo-se como vendedor de tecidos. Nas eleições municipais de 1951, foi eleito Vereador - o segundo mais votado -, quando obteve 510 votos. Seu pai, Belo Maia, havia sido também vereador, eleito no pleito municipal de 1947 e presidente da Câmara Municipal de 1947 até 1950. Por conta do prestígio político do pai, que era também homem de posses, Antônio Maia, aos 38 anos de idade, foi escolhido, por indicação do então prefeito e chefe político, Nominando Muniz Diniz, para ser o candidato a prefeito de Princesa, nas eleições que se realizariam em 02 de agosto daquele ano de 1959. Realizada a convenção do PL – Partido Libertador, foi abençoado o nome de Antônio Maia para prefeito e escolhido, como seu companheiro de chapa, concorrendo para vice-prefeito, o então Vereador, que representava o então Distrito de Manaíra, o senhor Manoel Carneiro da Silva (mais conhecido como Manoel Severo). Para concorrer com Antônio Maia, foi escolhido pelo PSD – Partido Social Democrático, o ex-prefeito Zacharias Sitônio, tendo como companheiro de chapa (vice-prefeito), o genro do coronel José Pereira Lima e então Vereador, que representava o Distrito de Tavares, Luiz Gonzaga de Sousa (mais conhecido como Gonzaga Bento). A escolha de Zacharias se fazia natural, uma vez já haver sido prefeito e gozar da total confiança, tanto do então deputado Aloysio Pereira, quanto do ex-deputado Alcides Carneiro. Gonzaga Bento foi escolhido como candidato a vice, por se tratar de um político jovem e promissor, além de ser representante do maior Distrito do município. Some-se a isso, o parentesco com a família Pereira e o apadrinhamento que recebeu de Alcides Carneiro.
A Eleição
A campanha eleitoral de 1959, foi a mais acirrada até hoje ocorrida em Princesa. Os candidatos disputavam os votos cabeça a cabeça. Não havia favoritismo explícito para nenhum dos dois lados. Os embates eleitorais daquela época eram animados por muitos comícios, ocasião em que se proferiam discursos inflamados, diatribes de parte a parte. A propaganda eleitoral era veiculada também pelos dois serviços de alto-falantes (difusoras) existentes na sede do município, um pertencente ao grupo “Pereira” e o outro sob o comando do grupo “Diniz”. Além dessas manifestações, eram formados corais compostos pelas moças da alta sociedade que entoavam, tanto nas difusoras quanto nos palanques eleitorais os hinos em louvor dos candidatos. Alguns hinos eram contidos de algum deboche, como esse que reproduziremos abaixo, composto pelos partidários de Zacharias Sitônio, que eram chamados também de “Pelados” (os apoiadores do candidato do PL, eram cognominados de “Cabeludos”). Dizia a composição:
É de amargar, é de amargar, é de amargar;
É de amargar se Antônio Maia não ganhar;
Na campanha o povo pobre;
Só é com quem negocia;
Trocando voto por chita;
Em Antônio Maia o povo confia;
Mas, no dia vai ao recinto;
Dar o voto a Zacharias.
Esse hino fazia uma crítica às denúncias de que Antônio Maia, dono de loja de tecidos, cooptava eleitores dando cortes de pano em troca do voto, o que, apesar de ser prática comum naquele tempo, nunca foi comprovado. Certo dia, às vésperas de um comício de Zacharias Sitônio, a realizar-se na Rua Grande, alguns, jovens, partidários do candidato do PL, rasgaram os retratos do candidato do PSD, que estavam apostos nas paredes das casas adjacentes ao evento eleitoral. Indignados com o ato de terrorismo, os coordenadores da campanha de Zacharias, encomendaram um hino ao maestro Manoel Marrocos, que compôs o seguinte:
Rasgaram os retratos,
Dos nossos candidatos;
Da próxima eleição;
Mas, combatendo o mal;
O nosso ideal, jamais destruirão;
Nós temos garantia;
Pela democracia;
Justiça e Direito;
Haveremos de lutar;
E Deus há de nos dar;
Um regime perfeito!
O pleito de 1959 foi pródigo em quase todos os componentes de uma campanha renhida: brigas de rua; discursos veementes e inflamados; denúncias de fraude; abuso de poder; cerceamento de liberdades, dentre outras mazelas que são comuns nas campanhas eleitorais que ocorrem no interior do Estado. No final da campanha, tinha-se a impressão de que o candidato do PSD detinha tênue preferência do eleitorado, porém, o candidato do PL, já na reta final, apoiado pela maioria dos jovens, deu um novo ânimo à campanha, o que deixou a todos na incerteza de vitória certa. Terminada a campanha, realizaram-se as eleições, em 02 de agosto daquele ano de 1959. A apuração dos votos foi tumultuada e com uma fiscalização minuciosa, quando se contava e se recontava votos. Três urnas foram impugnadas a pedido do PSD e reapuradas por ordem judicial. Somente depois da abertura e apuração da última urna chegou-se ao conhecimento do candidato vitorioso. Foi eleito Antônio Maia de Oliveira, que obteve 3.082 votos, superando Zacharias Sitônio em apenas 13 votos, que foi sufragado por 3.069 eleitores. Nesse pleito, aconteceram dois fatos inusitados na história das eleições de Princesa. O primeiro foi que o candidato a vice-prefeito do PSD, Luiz Gonzaga de Sousa, mesmo o candidato a prefeito (Zacharias) sendo derrotado, Gonzaga Bento foi eleito quando superou em votos, o candidato adversário (Manoel Severo), (Faz-se necessário explicar que nas eleições daquela época, a escolha dos candidatos a prefeito e a vice-prefeito, era feita de forma separada, votava-se individualmente e não como é hoje, em chapa una e indivisível); o outro fato foi que o partido (PSD) do candidato a prefeito derrotado, fez a maioria dos Vereadores à Câmara Municipal.
A administração
Eleito, Antônio Maia, tomou posse como o 5º prefeito eleito de Princesa, em Sessão Solene da Câmara Municipal, em 30 de novembro de 1959. As eleições desse ano foram as últimas que ocorreram envolvendo todo o “Município Velho”. A partir de 1960, com a emancipação do então Distrito de Tavares e de Água Branca, ficou Princesa somente com os Distritos de Manaíra e de São José. A administração de Antônio Maia não foi muito profícua em obras, mas, o chamado “feijão com arroz” foi feito com organização. As obras que se destacam são as seguintes: derrubada do antigo Matadouro (chamava-se “Matança”), para a ampliação do campo de futebol onde hoje se situa a Praça da Estrela; contribuição com mão-de-obra para a construção do Hospital São Vicente de Paulo; construção dos Grupos Escolares do povoado de Cachoeira de Minas e do sítio Moça Branca; abertura de estradas carroçáveis nos sítios Jacu, Lagoa de São João e Cedro. Antônio Maia governou o município até o dia 30 de novembro de 1963.
DSMR, EM 22 DE JULHO DE 2020.
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