segunda-feira, 31 de agosto de 2020

90 ANOS DA GUERRA DE PRINCESA – CRONOLOGIA DE UM CONFLITO

 

 


PRINCESA ACÉFALA



Fotos: acervo do ex-deputado Aloysio Pereira

Deflagrada a Guerra de Princesa, em 28 de fevereiro de 1930, ainda no começo do mês de março daquele ano, o presidente João Pessoa evacuou de Princesa todo o staff de funcionários públicos. Exonerou o prefeito e o vice-prefeito, José Frazão de Medeiros Lima e Glycério Florentino Diniz, respectivamente e, estranhamente, não nomeou substitutos para estes, deixando a cidade acéfala. Na verdade, foi este um contributo de João Pessoa, para que o coronel José Pereira Lima, decretasse, mais tarde, a separação do município rebelado do contexto do Estado, quando este proclamou, através do Decreto nº 01 de 09 de junho de 1930, o “Território Livre de Princesa”. É claro que quem sempre comandou a administração do município, foi o Coronel, através de prepostos (prefeitos nomeados), porém, não se justifica a atitude do Governo, quando deixou de cumprir uma prerrogativa constitucional, deixando um ente sem representação administrativa, o que, de certa forma, dava legitimidade ao novo comando estabelecido por Zé Pereira, quando determinou, este, que o município seria gerido por uma junta governativa, formada por ele próprio e por mais dois representantes de sua confiança (um deles o prefeito exonerado).  Princesa ficou sem governante oficial, desde o início de março até o dia 10 de outubro daquele ano.


Conivência federal


Essa situação teve também, de forma indireta, as bênçãos do Catete, pois, além da recusa do presidente, Washington Luís, em decretar a intervenção no estado da Paraíba, para restabelecer a ordem, ajudou indiretamente, quando fez vistas grossas ao movimento sedicioso liderado por Zé Pereira. Outra conivência com a situação se verifica quando da intervenção do Exército, depois do assassinato do presidente João Pessoa, os oficiais daquela força, comandados pelo capitão João Facó, se estabeleceram em Princesa, juntamente com suas famílias, sob os auspícios do Coronel, que providenciou moradias decentes para todos, chegando, inclusive, a ser padrinho de um dos filhos de um daqueles oficiais. Essa interação entre o Coronel e os oficiais da Força Federal dava, portanto, um amparo legal à situação. Nem mesmo quando da assunção do vice-presidente, Álvaro de Carvalho, ao cargo de presidente do Estado, em substituição ao presidente assassinado, aquele nomeou um prefeito para Princesa. Ao invés disso, sob a batuta de José Américo de Almeida, despachou para o município, um contingente de 350 soldados, sob o comando do coronel Emérson Benjamin, para ocupar a cidade rebelada. A situação só veio se normalizar com a vitória do movimento revolucionário, em outubro de 1930, quando os comandantes da Revolução ofereceram o cargo de prefeito ao princesense, Alcides Vieira Carneiro que, por motivos óbvios – em que pese aliancista de primeira linha, era amigo e afilhado do coronel José Pereira -, não aceitou. Recaiu a nova escolha na pessoa do cidadão Nominando Muniz Diniz, que aceitou o cargo de prefeito e passou a comandar o município obedecendo às diretrizes traçadas pelo novo presidente, Antenor Navarro e pelo manda-chuva José Américo de Almeida.


DSMR, EM 31 DE AGOSTO DE 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário