quarta-feira, 5 de agosto de 2020

ANTOLOGIA DOS PREFEITOS DE PRINCESA ANTÔNIO NOMINANDO DINIZ




ANTÔNIO NOMINANDO DINIZ, o 7º prefeito eleito de Princesa, era filho de Nominando Muniz Diniz (“seu” Mano) e de dona Aurora Sérgio Diniz. Nasceu em Princesa, aos 19 de fevereiro de 1922. Concluiu o curso primário no Grupo Escolar “Gama e Melo”; o curso secundário no Colégio Salesiano do Recife e o curso pré-universitário no Liceu Pernambucano (a mais antiga escola em funcionamento no Brasil, desde 1823). Em 1945 diplomou-se em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Recife. Casou-se com dona Celina Gondim Diniz, com quem teve os filhos: José, Antônio, Maria de Jesus, Maria Auxiliadora e Cristina. Ainda estudante de Direito, Antônio Nominando, participou das lutas estudantis pela derrubada da ditadura do Estado Novo. Após a formatura, filiou-se na UDN – União Democrática Nacional, partido pelo qual concorreu, em 1947, ao cargo de deputado estadual. Foi eleito, aos 24 anos de idade, transformando-se num membro da Assembleia Constituinte do Estado da Paraíba. Candidato ao mesmo cargo em 1950, não conseguiu ser reeleito. Em 1954 candidatou-se mais uma vez ao cargo de deputado estadual, desta feita pelo PL – Partido Libertador, quando obteve sucesso nas urnas. Nessa legislatura foi escolhido como vice-presidente da Assembleia Legislativa. Mais uma vez derrotado quando pleiteava, em 1958, uma cadeira na Casa de Epitácio Pessoa, logrou êxito eleitoral no pleito de 1962. Com a ascensão de Pedro Moreno Gondim ao Governo do Estado, em 1960, Nominando foi nomeado Secretário de Estado da Educação e Saúde, cargo que exerceu até o final do mandato do governador.


O prefeito


Antônio Nominando, ou doutor Antônio, como era mais conhecido em Princesa, era um homem inteligente (aos 14 anos de idade, escreveu e lançou um livro de poesias: “Arco Iris”), cordato e extremamente educado. Dono de temperamento afável, porém ergico quando necessário. Desapegado das coisas materiais, levou uma vida modesta e simples. Quando não ajudado financeiramente pelo pai,viveu e educou seus filhos (todos formados), com o fruto de seus vencimentos recebidos como deputado, prefeito ou Advogado de Ofício. Em 1968, convocado pelo pai, “seu” Mano, Antônio registrou, pela ARENA – Aliança Renovadora Nacional, sua candidatura a prefeito de Princesa. Nessa empreitada eleitoral, teve como seu companheiro de chapa, concorrendo como vice prefeito, o rico agropecuarista, Miron Coimbra Maia. Concorreram com Nominando, pelo MDB1 e MDB2 – Movimento Democrático Brasileiro, os candidatos: Miguel Rodrigues Lima e Joaquim Alexandre da Silva (Joaquim Mariano), respectivamente. A campanha foi acirrada e muito difícil para o candidato da ARENA pois, este, deveria obter das urnas, votos superiores à soma dos obtidos pelos dois candidatos emedebistas. No transcurso da campanha eleitoral, doutor Antônio, se apresentou mais competente no cabalamento de votos, uma vez que, enquanto os da oposição marchavam separados e se digladiavam entre si, ele convergiu para sua candidatura, a simpatia do segmento da juventude e de demais setores da sociedade princesense. Por conta disso, no dia 15 de novembro daquele ano de 1968, o filho de “seu” Mano foi eleito prefeito de Princesa, quando obteve das urnas 2.255 sufrágios contra 1.124 dados a Joaquim Mariano e 1.057depositados em favor de Miguel Rodrigues, estabelecendo, sobre os dois, uma maioria de 74 votos. Dois fatos inusitados aconteceram nessa campanha eleitoral. O primeiro foi a realização de um comício na Rua da Lapa, onde se estabelecia o Cabaré de Princesa e, nessa ocasião, foi a primeira vez que uma mulher discursou em palanque eleitoral em Princesa, quando a futura “Segunda Dama”, Socorro de Miron, fez a abertura do comício. Nessa concentração política, doutor Antônio proferiu seu antológico discurso, dirigido às raparigas, quando perorou:


“Chamam-nas de mulheres de vida fácil. Porém, quão difícil é entender onde está a facilidade de uma vida, quando se é obrigado a corromper o santuário do corpo para adquirir o sustento para a sobrevivência. São, portanto, mulheres de vida difícil, dificílima, que sofrem o preconceito das elites para, de forma imoral, proporcionar a moralidade. São mulheres que dormem tarde, como guardas noturnos, velando pela segurança das famílias de bem”.


A administração


Eleito, Antônio Nominando, tomou posse como o 7º prefeito de Princesa, em 31 de janeiro de 1969, governando o município até 31 de janeiro de 1973. Sua administração foi uma das mais profícuas que o município de Princesa já teve. Homem extremamente honesto e disciplinado, o novo prefeito imprimiu respeito à sua administração. Por tratar-se de um intelectual, Nominando deu especial atenção aos setores da educação e da cultura. Em seu governo foi criada a Biblioteca “José Nominando Diniz”. Trouxe também para Princesa, um grupo profissional de Teatro. Em convênio com a UFPB – Universidade Federal da Paraíba, trouxe para Princesa o “Projeto Rondon”, que era uma espécie de intercâmbio de estudantes universitários de outros estados que passavam um período nas pequenas cidades do interior do Nordeste. Em termos de obras, doutor Antônio construiu o Mercado Público Municipal; o Matadouro Público; enlargueceu a Rua Capitão Severino (Beco de Dona Sinhá); construiu a Praça da Estrela; construiu uma Quadra para a prática de esportes na Avenida Presidente João Pessoa; inscreveu as equipes de futebol princesenses na Liga Desportiva Estadual; conseguiu, junto ao Governo do Estado, a instalação de energia elétrica no Povoado de Patos de Irerê; no primeiro ano de seu mandato, conseguiu, através do Governo estadual, a distribuição de água encanada para a maioria das residências da cidade e, como havia prometido na campanha eleitoral, instalou, no Cabaré, um Posto de Profilaxia para atender às chamadas “Mulheres da Vida”. Ainda no primeiro ano de seu mandato, o prefeito Antônio Nominando, para atender a interesses particulares, afastou-se do cargo, assumindo seu lugar, o vice-prefeito, Miron Maia, que governou o município no período de 30 de junho a 09 de setembro de 1969.


O fim


Após deixar o cargo de prefeito de Princesa, doutor Antônio, retornou a João Pessoa. Em 1974, candidatou-se novamente a deputado estadual, empresa que logrou êxito.Nessa legislatura, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa, para o período 1977/1978. Tentou ser reeleito em 1978, mas foi derrotado. Aliás, ficou na história daquela Casa Legislativa como o único presidente da Assembleia, no exercício do cargo, que concorreu à reeleição e foi derrotado. Em 1982, candidatou-se de novo a deputado e foi novamente derrotado. A partir daí, abandonou, definitivamente a vida pública, passando o bastão de comando da política princesense e dos municípios em que exercia influência eleitoral, ao seu filho, Antônio Nominando Diniz Filho (Totonho). Doutor Antônio era assim, não investia financeiramente para obter sucesso nas urnas. Apresentava-se como candidato contando apenas com seu patrimônio de propostas, obras e ações em prol do Estado e dos municípios aonde era votado. Residiu o resto dos seus dias na Capital do Estado. Desinteressado por tudo e sofrendo surtos de depressão, veio a falecer, aos 79 anos de idade, em março de 2001. Seus restos mortais repousam o Cemitério “Campo Santo” de Princesa.



DSMR, EM 05 DE AGOSTO DE 2020.

 

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