quarta-feira, 19 de agosto de 2020

ANTOLOGIA DOS PREFEITOS DE PRINCESA

 


SEBASTIÃO FELICIANO DOS SANTOS, mais conhecido como “Batinho”, nasceu na cidade pernambucana de São José do Egito, em 20 de janeiro de 1939 e era filho de Severino Feliciano dos Santos (“seu” Biu) e de dona Regina Ferreira Campos. Casou-se com a professora água-branquense, dona Eli Correia dos Santos, com quem teve os filhos: Alexandre Magno, Valéria e Maria do Bom Conselho. Logo cedo, na companhia dos pais, veio morar em Princesa. Estudou as primeiras letras no Grupo Escolar “Gama e Melo” e cursou o ginásio na Escola “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Funcionário público, exercia o cargo de auxiliar de enfermeiro, no Hospital “São Vicente de Paulo”, acumulando a função de porteiro, na Escola onde fez o curso ginasial. Homem simples, de temperamento afável, educado e por demais divertido, tinha grande facilidade em fazer amizades e, talvez, por conta disso, adentrou na seara política, militando no partido comandado pela família “Nominando Diniz”, quando conseguiu ser eleito vereador por várias legislaturas. Era, por assim dizer, um fiel soldado do partido nominandista, condição pela qual conquistou total confiança dos chefes daquela agremiação política, principalmente da matriarca do clã Diniz, dona Maria Aurora Diniz, também chamada de “Tita”. 


A escolha de Batinho


Animados pelo sucesso da proficiente administração do prefeito Chico Sobreira - consequência da condição de que, sem nenhum compromisso a cumprir com quem quer que fosse, uma vez haver sido eleito sob os auspícios exclusivos dos chefes dos dois tradicionais partidos políticos de Princesa –, muitos correligionários almejavam a indicação para concorrer no pleito de 1976, à cadeira de prefeito do município princesense. Nesse tempo, com o falecimento do velho Mano e com a ausência de doutor Antônio Nominando, que exercia, na Capital do Estado, o mandato de deputado estadual, o comando do partido nominandista, no município, estava nas mãos de Maria Aurora. Poucos sabiam, mas, independentemente de quaisquer negociações ou acertos, esta já tinha seu candidato in pectoris, para substituir Chico Sobreira na prefeitura da cidade. O nome dele era, Sebastião Feliciano dos Santos (Batinho). Constatada essa preferência – em benefício da união partidária -, doutor Antônio tentou demover a irmã dessa imposição pessoal, sugerindo que seria de bom alvitre uma negociação contemplando os demais quadros da agremiação política por eles comandada. Resistente, Tita, não transigiu e impôs Batinho como o candidato do partido. Deu um murro na mesa e disse: “O candidato a prefeito é Batinho, e acabou a história!”. Diante dessa determinação, Antônio recuou e se estabeleceram as insatisfações o seio partidário. Ficaram, os preteridos – os mesmos que foram rejeitados em 1972: Vavá Lima, Florentino Lima, João Maia e João Pacote -, conspirando contra a indicação da matrona. Diziam, a boca pequena, que o escolhido de Maria Aurora não passava de um “moleque de recados”; que não tinha tradição familiar e que, pobre, não tinha condições de enfrentar uma campanha eleitoral, chegando a tachar o preferido da “Casa Grande” de “pé-rapado”. Diante dessas conspirações, Tita deu outro murro na mesa e disse: “Se for preciso, vendo o derradeiro boi da fazenda de papai, mas elejo Batinho”. O tempo fechou e, mesmo à revelia da vontade da maioria dos próceres partidários, Batinho foi abençoado como candidato a prefeito, tendo como seu companheiro de chapa, candidato a vice-prefeito, o então vereador, Manoel Gomes de Sousa, mais conhecido como “Gominho”. Homologada pelos convencionais, a chapa do registrada pela sublegenda, ARENA 1 – Aliança Renovadora Nacional.


A dissidência e a campanha


Em face da firme e intransigente decisão da matriarca, quando escolheu o candidato, a seu talante, sem contemplar os descontentes sequer com a vaga de vice-prefeito, à exceção de João Maia, os demais romperamcom o partido nominandista e passaram a confabular com os chefes do grupo Pereira. Enfraquecido politicamente, opartido comandado por Aloysio Pereira e Gonzaga Bento, aceitou a proposta de concorrer com um candidato oriundo da dissidência do partido dos Diniz, no que foi escolhido o então vice-prefeito, João Brandão Vieira, mais conhecido como “João Pacote”, candidato a prefeito, tendo outro dissidente, Epaminondas Bezerra Leite (Novo Bezerra), como candidato a vice-prefeito. Formou-se a chapa que foi homologada em convenção da sublegenda ARENA2. Formadas as chapas, iniciou-se a campanha eleitoral. Era o tostão contra o milhão. Batinho, o pobre, fazia passeatas de braços dados com Maria Aurora e, João Pacote, o rico,promovia carreatas pelas principais ruas da cidade. Este último não media esforços financeiros para angariar votos, invadindo, inclusive, redutos, a exemplo do famoso Bairro do Cancão, que era essencialmente nominandista. Por conta disso, doutor Antônio Nominando proferiu um de seus antológicos discursos de campanha, falando naquele Bairro, quando perorou de forma poética: 


“Cancão não cai em arapuca! Os que aqui moram já me conhecem e creio, não me decepcionarão, pois, o voto que se dá com o coração não tem especificado seu destino, mas sim a grandeza de sua missão. Votar em Batinho é o mesmo que votar em mim, pois, a confiança é o verdadeiro fim”.


Esse discurso tinha o condão de fazer o candidato adversário, João Pacote, desistir de assediar os eleitores do Bairro do Cancão que, fiéis à família Nominando, mesmo recebendo benesses do candidato dissidente, certamente não votariam contra a orientação do clã Diniz.


Eleição, posse e administração


Após acirrada campanha, em que ambos os candidatos se diziam eleitos, aconteceu a eleição no dia 15 de novembro de 1976. Abertas as urnas, Batinho saiu vitorioso quando imprimiu uma maioria de 179 votos sobre João Pacote. Batinho, foi sufragado por 2.679 eleitores, enquanto João Pacote obteve exatos 2.500 votos. No dia 31 de janeiro de 1977, Sebastião Feliciano dos Santos, tomou posse como o 9º prefeito eleito de Princesa, governando o município até 31 de janeiro de 1983. A administração de Batinho não foi profícua em obras ou realizações. Destacamos a conclusão da obra da Quadra de Esportes “Ministro Alcides Carneiro”, iniciada na gestão anterior; a construção do prédio da Rodoviária; a edificação do Grupo Escolar do Povoado da Lagoa de São João; o incentivo ao esporte e, no campo da cultura, o resgate da data de Aniversário (Emancipação: 18 de Novembro) da cidade, quando sua administração deu total apoio para a realização da primeira grande festa comemorativa dessa importante efeméride.Era ele um homem de excelente relacionamento humano, humilde e desapegado das coisas materiais. Por isso, fez uma administração voltada mais para o atendimento assistencial aos mais carentes. Mesmo assim, desagradou a alguns correligionários e, principalmente, aos chefes do partido, que sempre alegaram a falta do efetivo apoio do então prefeito, à candidatura do partido nas eleições de 1982. Mesmo assim, até hoje, Batinho é considerado um dos políticos mais queridos e populares que Princesa já teve. Vítima de um acidente automobilístico faleceu,Sebastião Feliciano dos Santos, próximo à cidade de Custódia/PE, em julho de 2006.



DSMR, EM 19 DE AGOSTO DE 2020.

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