A PARTIR DE HOJE, VEICULAREMOS, NESTE BLOG, UMA SÉRIE DE ARTIGOS, EM DIVULGAÇÃO SEMANAL, SOBRE “AS MULHERES QUE FIZERAM A DIFERENÇA”. TRATAREMOS DAS HISTÓRIAS DE MULHERES PRINCESENSES, PARAIBANAS, BRASILEIRAS, QUE SE DESTACARAM NO CONTEXTO DA CULTURA, DA POLÍTICA, DAS ARTES, DAS LETRAS, ETC., NUM RESGATE E NUMA REMEMORAÇÃO IMPORTANTE PARA O CONHECIMENTO E O RECONHECIMENTO DAQUELAS QUE AJUDARAM A ESCREVER A HISTÓRIA.
Pioneira em defesa dos direitos das mulheres brasileiras, a ativista feminina, Berta Lutz, Já em 1922, participou da Conferência Pan-Americana, realizada em Baltimore, nos Estados Unidos da América, com a participação de mil e seiscentas delegadas de vários outros países do mundo. No ano seguinte, foram criadas várias associações feministas no Brasil: “Aliança Brasileira pelo Sufrágio Feminino”; “Legião da Mulher Brasileira”; Federação das Ligas pelo Progresso Feminino”, dentre outras organizações que, na esteira da apresentação, pelo senador da República, Justo Chermont, em 1919, do primeiro Projeto de Lei que abolia o privilégio masculino no ato de sufragar, passaram a defender os direitos e a participação das mulheres na vida política nacional, principalmente quanto ao direito de votar. Já em 1926, chegava ao Brasil, a notícia de que a escritora italiana, Grazia Deledda, havia sido agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura.
A primeira prefeita
Surpreendentemente, foi no Brasil dos grotões, no Nordeste, onde ocorreu verdadeira emancipação política feminina, quando foi eleita a primeira mulher para governar um município. Num tempo em que as mulheres não tinham o direito de votar, sob as bênçãos do então presidente (governador) do estado do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, e com o apoio da feminista paulistana, Berta Lutz, foi eleita a primeira prefeita da América Latina, Luzia Alzira Teixeira Soriano. Alzira Soriano – como ficou conhecida internacionalmente -, nasceu em 29 de abril de 1897, no Distrito de Jardim de Angicos, pertencente ao município de Lages/RN. Era a filha mais velha do influente líder político regional, Miguel Teixeira de Vasconcelos e de dona Margarida de Vasconcelos. Casada, aos 17 anos de idade, com o promotor pernambucano, Thomaz Soriano de Souza Filho, com quem teve quatro filhos, ficou viúva aos 22 anos de idade, quando seu marido foi ceifado pela Pandemia da “Gripe Espanhola”. Viúva, Alzira voltou a morar com seus pais. Enérgica, decidida e de pulso firme, tomava conta de tudo. Diante disso, foi escolhida pelo então presidente [Lamartine] do Estado potiguar, para ser candidata a prefeita da cidade de Lages, nas eleições realizadas em 1928. Mesmo sem ter o direito de votar (situação por demais esdrúxula), Alzira Soriano, foi eleita, pelo Partido Republicano, com 60% dos votos daquele município, quando derrotou nas urnas seu adversário masculino, Sérvulo Pinheiro Neto Galvão. Tomou posse em 30 de janeiro de 1929, governando aquela comuna, até a eclosão da Revolução de 1930, em outubro daquele ano.
A curta administração
Na qualidade de primeira mulher a ser eleita para um cargo executivo no país*, mereceu, Alzira Soriano, um editorial do importante jornal americano, The New York Times, assinalando ser ela a primeira mulher eleita prefeita no continente Latino-americano. Em seu discurso de posse, a pioneira prefeita destacou:
“(...) Determinaram acontecimentos sociaisdo nosso querido Rio Grande do Norte, na sua constante evolução da democracia, que a mulher, esta doce colaboradora do lar, se voltasse também para colaborar com outra feição na sua obra político-administrativa. De outro modo não poderia ser. As conquistas atuais, a evolução que ora se opera, abre uma clareira no convencionalismo, fazendo ressurgir nova faceta dos sagrados direitos da mulher”.
Durante seu curto mandato, Alzira Soriano, promoveu fecunda administração quando construiu escolas, estradas, mercado público e instalação de luz elétrica. Ironicamente, pelo fato de ser militante do Partido Republicano, portanto adversária da Aliança Liberal, que tomou o poder quando da Revolução de 1930, que em seu programa, preconizava a extensão do direito de votar às mulheres, teve seu mandato cassado pelos chefes revolucionários. Em 1947, a ex-prefeita retornou à política, quando foi eleita e reeleita vereadora, por duas vezes, do já município de Jardim de Angicos, chegando a ser presidente da Câmara Municipal. Em sua homenagem, comemora-se o dia de seu nascimento, com um feriado em sua cidade natal. Faleceu aos 66 anos de idade, no dia 28 de maio de 1963, na Capital do Rio Grande do Norte.
*Nessa época, as Unidades da Federação brasileira (Estados), eram autônomas em suas legislações, inclusive na eleitoral e, o estado do Rio Grande do Norte, já adotava o sistema de eleição direta para a escolha de prefeitos municipais, o que só veio a ser adotado, no âmbito de todo o País, a partir de 1935.
DSMR, EM 20 DE AGOSTO DE 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário