terça-feira, 25 de agosto de 2020

TODO O MAL PRATICADO EM NOME DE DEUS

 

No espaço de uma semana apenas, o Brasil, estarrecido, toma conhecimento de dois dos maiores escândalos envolvendo líderes religiosos cristãos. Na verdade, trata-se de dois acontecimentos que, pela dimensão, causaram abalo sísmico da maior magnitude no seio da cristandade brasileira. No segmento da Igreja Católica Apostólica Romana, o padre Robson Oliveira, está sendo investigado pelo Ministério Público do Estado de Goiás, pelo desvio de mais de R$=120.000,00 (CENTO E VINTE MILHÕES DE REAIS), arrecadados com a finalidade de construir uma Basílica, nas imediações da cidade de Goiânia. Com o dinheiro havido dos inocentes fiéis, o reverendo comprou fazendas, mansões e outros mimos de luxo para seu deleite. Criador e presidente da Afipe – Associação dos Filhos do Pai Eterno, eternizou-se na direção daquela associação e fez-se milionário, em nome de Deus. Do lado evangélico, o escândalo, também não deixa a desejar quando uma pastora da Igreja Evangélica “Ministério Flordelis”, que é também cantora gospel e deputada federal pelo PSD do Rio de Janeiro, coincidentemente chamada Flordelis, acaba de ser indiciada como ré por haver sido mandante do assassinato do esposo, o também pastor evangélico, Anderson do Carmo. 


Passando a perna em Deus


Desde criança, quando frequentava o Catecismo, aprendi que Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente: pode tudo, sabe tudo e está em todo lugar. Certamente, o padre Robson e a pastora Flordelis, devem ter ensinado isso a muita gente. O primeiro, oriundo de um segmento religioso que é pródigo em escândalos sexuais envolvendo vulneráveis, mas econômico em comportamentos deploráveis quanto à má versacão dos dinheiros obtidos com o óbolo, surpreende a comunidade religiosa pela cara de pau de roubar as doações dos fiéis católicos e negar, descaradamente, o delito. A segunda, líder religiosa pentecostal e líder política, arquitetou e determinou a alguns dos vários filhos (são 52 ao todo, entre biológicos e adotados), a execução do marido. Já na condição de “viúva sofrida”, foi pro sepultamento, chorou muito e, no dia seguinte, fez um culto de louvor em memória do marido que ela mandou matar. É possível que os incautos seguidores de ambas as denominações cristãs, não soubessem da culpabilidade de seus orientadores espirituais, porém, tanto o padre quanto a pastora, sabiam que Deus estava sabendo de suas estripulias e, mesmo assim, se faziam contritos em busca de mais e mais doações para continuarem obrando, em nome de Deus


Santa hipocrisia


Padre Robson Oliveira, ao ser pego com a mão na cumbuca, declarou: “Eu não sei de nada...”. Flordelis, no cemitério em que estava sendo sepultado o marido por ela assassinado, entre soluços, disse: “Ele morreu para salvar a família”. Quão comovente a declaração da pastora evangélica e quão inocente a do reverendo católico. Diante dessas “defesas”, um dos adeptos daquela que está mais para flor de defunto, disse: “Não podemos julgar, pois, Jesus disse: ‘Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra’”. O descaramento do seguidor da parlamentar assassina, se assemelha ao da Justiça brasileira, que não decretou a prisão de Flordelis porque ela é deputada federal. Por esse entendimento, se constata que, de acordo com a legislação brasileira, quem é detentor de um mandato de deputado está liberado para matar? É claro que, nesse caso, a Justiça não está fazendo escola, mas sim, herdando da própria religião o exercício da hipocrisia. Enquanto um negro pobre que rouba uma galinha, mofa na cadeia, os líderes desfrutam de prerrogativas que lhes permitem responder aos crimes em liberdade. Certo está o papa Francisco quando afirma: “É melhor ser ateu do que um cristão hipócrita”. 


DSMR, EM 25 DE AGOSTO DE 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário