quinta-feira, 15 de outubro de 2020

100 ANOS DA DÉCADA DE OURO

 



Há 100 anos Princesa era referência na Paraíba. Em termos estatísticos, figurava como o 10º município mais populoso e o maior produtor de algodão do Estado. Na área do comércio, distribuía em grosso para várias praças da região, a exemplo de Santana, Boaventura, Misericórdia, Piancó, dentre outras. Em termos de economia, a cidade se destacava como fomentadora do desenvolvimento regional, promovendo o financiamento da produção agrícola através de duas agências de representação bancária aqui sediadas. Possuía uma agência de veículos automotores e tinha, nas ruas da cidade – que já era servida por energia elétrica -, dez automóveis circulando. A vida sociocultural era movimentadíssima, pois contava com uma Sala de Cinema, um Teatro, uma Orquestra Filarmônica, um Clube Social e um Grêmio Lítero-cultural. Foi na década de 1920 que ocorreu o período de maior desenvolvimento e progresso do burgo princesense em toda sua história. Não fora as intempéries políticas, o município, com notória vocação para o crescimento, certamente, em não havendo solução de continuidade seria hoje uma das cidades mais ricas e mais importantes da Paraíba.

Tudo começou a mudar já no início da década seguinte. A Guerra de Princesa – que compreendeu o período de 28 de fevereiro até 26 de julho de 1930 -, teve o condão de fazer tudo desmoronar. Nesse conflito - em que pese não ter havido vencedor nem vencido -, a progressista cidade rebelada resistiu estoicamente. Porém, com a vitória da Revolução de 30, Princesa, que não conseguiu ser dominada pelas armas, foi subjugada pela Nova Ordem revolucionária. A punição foi rigorosa. A ordem dos chefes revolucionários da Paraíba, nas pessoas do futuro ministro, José Américo de Almeida, e do interventor, Antenor Navarro, era desarticular tudo e punir com severidade o coronel José Pereira e seus aliados, além de provocar um estancamento do desenvolvimento para retirar Princesa de evidência no contexto do Estado. A partir daí a cidade caiu num marasmo que perdurou por longas três décadas, somente voltando a se projetar no cenário estadual, a partir de 1960. Em que pese o prejuízo que a polarização política causou ao longo desses 90 anos, Princesa conserva sua vocação desenvolvimentista, especialmente no tocante às atividades comerciais e de serviços. Hoje, até pequenas indústrias já funcionam em nosso município. Apesar de tudo, embora tardiamente e aos poucos, Princesa volta a enveredar pelo caminho do progresso e do desenvolvimento.

DSMR, EM 15 DE OUTUBRO DE 2020.

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