As eleições deste ano se constituem algo diferente, esquisito, misterioso. Acredito serem elas um divisor d’águas na história política de Princesa. Além da pandemia do novo coronavírus, que determinou novos comportamentos quanto à feitura das campanhas, as candidaturas, com perfis diferentes do que sempre fomos acostumados, se colocam de maneira a não podermos fazer uma análise que facilite sua tradução. Sempre tivemos, em Princesa, uma disputa familiar, composta por nomes carimbados de “Diniz” ou “Pereira”, candidaturas fora do campo ideológico. Hoje, apenas um dos candidatos (Sidney Filho), é remanescente dessa tradição; os demais representam a si próprios ou à mistura do que restou dos dois grupos oligárquicos que sempre dominaram o cenário político. Não bastasse isso, observamos também, pela primeira vez, um silêncio sepulcral do eleitorado que, quando abre a boca é para dizer que não decidiu ainda em quem vai votar ou, por outra, recebe benefícios e vantagens financeiras de um dos candidatos, põe seuadesivo na parede, mas diz, a boca pequena, que não vota nesse candidato.
Até a mídia, desta feita, se faz diferente. A campanha, que está sendo comandada pelas Redes Sociais, tem na participação do mais tradicional meio de comunicação do município, a rádio “Princesa FM”, uma função vergonhosa. Nunca – nem no tempo em que pertencia ao grupo “Pereira” – aquela emissora tomou partido por um candidato como o faz agora. Afora o programa gratuito do “Guia Eleitoral”, tudo naquela rádio é tendencioso para beneficiar a candidatura do prefeito Ricardo Pereira do Nascimento. Até o debate, entre os três candidatos a prefeito, que ocorreu no último domingo, foi um desastre, tanto quanto à organização, como no tocante à condução do mesmo. O mediador – que é o mesmo que produz a mídia da prefeitura municipal -, não se furtou em beneficiar o prefeito. Desde o sorteio – feito num recipiente transparente -, para a escolha das cadeiras em que deveriam se acomodar os candidatos, situação em queNascimento foi privilegiado com o assento central, enquanto o médico Alan Moura foi designado para acomodar-se numa cadeira que, na mesma linha da cadeira da secretária do evento lhes tirava a visibilidade, até quanto ao disciplinamento das respostas, em que o prefeito era perguntado sobre um tema e respondia sobre outro, sendo admoestado pelo mediador somente quando terminava de falar.
Por essas e outras, depreende-se que essa campanha eleitoral só acabará quando terminar. Não tenho dúvidas de que o veredicto das urnas do próximo dia 15, trará muitas surpresas. Nas entrelinhas do que diz o povo está contida uma verdade que não quer calar, que é o sentimento de mudança, de vingança até. É notório que os eleitores andam, quase todos, com uma pedra no bolso, guardada para atirar em alguém. Esse sentimento, que não se restringe aos candidatos a prefeito, é extensivo também aos candidatos a vereador, principalmente aqueles que já ocupam um assento na Câmara Municipal. Até as negociatas em troca de votos estão sendo misteriosas, o que mais se escuta é o velho ditado: “Eu como, mas não voto”. Diante de tudo isso, resta-nos aguardar, no pouco tempo que falta, o que dirão as urnas do dia 15 de novembro.
DSMR, EM 27 DE OUTUBRO DE 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário