Atendendo sugestão de uma assídua leitora deste Blog, hoje
vamos falar do amor. Amor recôndito, platônico, proibido, amor de antigamente.
Na verdade, a conjugação prática do verbo amar, hoje em dia se faz ridícula,
risível, cafona, careta. O que reina agora é o prazer pelo prazer. Não existem
mais relacionamentos amorosos como antigamente; perdeu-se o respeito pelo amor.
Em tempos idos (recentes), existia o flerte a paquera, o namoro, o noivado e o
casamento. Hoje, tudo isso mudou de nome e se resumiu a duas palavras que se
constituem num único ato: ficar, pegar. Antes, havia todo um ritual, um aparato
para que se consumasse um relacionamento amoroso. O rapaz se interessava pela
moça e, via de regra, acionava alguém para fazer o papel de cupido, com o
intuito de viabilizar o primeiro contato, que nem sempre era físico, mas sim
através de bilhetes, recados ou cartas. Antes disso, eram enviados buquês de
flores, realizadas serenatas, tudo isso eram instrumentos facilitadores da aproximação.
Havendo correspondência ou reciprocidade por parte da moça, que era chamada
também de “broto”, fazia-se também necessária a anuência dos pais desta. Quando
o fosso social separava os dois – sobretudo quando o pobre ou desvalido de
origem nobre era o rapaz -, o bicho pegava; os pais da moça não permitiam o
namoro, prendiam o broto ou monitoravam seus movimentos. Isso, na maioria das
vezes, estimulava o amor proibido. Encontros fugazes e ardentes eram promovidos
pelas alcoviteiras; o sarro gostoso molhava tudo, da boca até abaixo da
cintura. O resultado disso era barriga crescendo, moça perdida, rapaz viajando
para cidade de São Paulo - quando escapava da “cidade dos pés juntos”. Hoje,
com a liberdade conquistada pela evolução dos tempos, que é equivalente para ambos
os sexos, foi extinto o romantismo que deu lugar ao hedonismo. Lavou, enxugou,
tá novo.
DSMR, em 07 de janeiro de 2021.
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