A partir de hoje, este Blog divulgará, de forma alternada,
poemas de autoria de consagrados artistas da rima, tanto brasileiros como
estrangeiros. Começamos com o grande poeta princesense, reputado
como um dos maiores repentistas do Brasil, João Pereira da Luz, o nosso “João
Paraibano”.
Certa vez, estava, João Paraibano, participando de uma festa
quando se excedeu na bebida e, por conta de ciúmes, brigou com sua esposa,
chegando a agredi-la. Detido pela polícia, na delegacia, aos prantos, declamou,
de improviso, esses primorosos versos:
PUNIDO POR DEFENDER O
AMOR – João Paraibano
I
Doutor eu
sei que errei
Por dois
fatos: dama e porre
Por amor se
mata e morre
Eu nem
morri, nem matei
Apenas prejudiquei
Um ambiente
de classe
Depois de
apanhar na face
Bati na flor
do meu ramo
Me prenderam
porque amo
Quanto mais se eu odiasse
II
Poeta mesmo
ofendido
Sabe
oferecer afeto
Faz pena
dormir no teto
Da morada de
um bandido
Se humilha,
faz pedido
Ninguém
escuta a voz sua
Não vê o sol
nem a lua
Deixar o
espaço aceso
Porque um
poeta preso
Com tantos
ladrões na rua?
III
Doutor, se
eu perder meu nome
Não acho
mais quem o empreste
A minha
mulher não veste
Minha
filhinha não come
E a minha
fama se some
Para nunca
mais voltar
Não querendo
lhe comprar
Mas,
humildemente peço:
Se puder,
rasgue o processo
E deixe o
poeta cantar.
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