Jair Messias Bolsonaro, tal qual uma liderança política queconheço, peca, principalmente, pela exacerbada autossuficiência. Em busca das opiniões que lhes interessam – para lapidar seu discurso, o presidente se fazrodear de pessoas que pensam como ele ou que estão dispostas a amodelarem-se aos seus pensamentos. Os demais, viram fantoches em suas mãos como simples executores de suas vontades.
O depoimento do deputado Osmar Terra, na CPI da Covid-19, na última terça-feira, demonstrou isso claramente. Dando sequência a outros importantes depoentes, o deputado, mesmo negando a existência de um “gabinete paralelo” para aconselhamento ao presidente sobre as coisas da pandemia, além de mentir muito, reafirmou o que todos dizem: “o presidente faz o que quer”. A exemplo dos demais depoentes (todos negacionistas de tudo), Terra admitiu haver conversado com Bolsonaro, mas não para orientá-lo sobre nada.
Com isso, cai por terra a teoria de que Bolsonaro é influenciado, vindo à luz a certeza de que o negacionismo é fruto das convicções do próprio presidente. Pelo que disse Osmar Terra – não diferente do que afirmaram:Pazuello; Waijgarten, as doutoras Nise e Mayra, etc. -, todos os procedimentos erráticos no enfrentamento à pandemia, vêm da lavra do presidente. Esses supostos membros do chamado “gabinete paralelo”, afora o terraplanismo defendido pelo chefe, negam tudo.
Depreende-se daí, que o “mito” acredita mesmo na “contaminação de rebanho”, no “isolamento vertical”, no “uso ineficaz da cloroquina”, na “inocuidade do uso de máscaras e da prática do isolamento social”, dentre outras condutas deletérias. Ao invés de blindarem o presidente, com suas negativas, seus auxiliares extraoficiais o expõem como o responsável por tudo. Se, nesse caso, há crime de responsabilidade quanto às ações desenvolvidas para combater a doença, esse crime deve ser imputado ao presidente da República.
Afinal, é notória a influência intelectual de Bolsonaro em todos os setores do governo. Tanto as indicações quanto as trocas de seus ministros, obedecem à regra da subserviência cega à ideologia extremista do presidente. Já são quatro os ministros indicados para a pasta da Saúde. Todos, sem exceção, passaram pelo constrangimento da desautorização pública. Fica claro com isso que a ordem é do presidente, o negacionismo é dele e, portanto, a responsabilidade é somente de Bolsonaro.
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