sexta-feira, 11 de junho de 2021

Dentre as várias mensagens de solidariedade, destaco esta que recebi do meu amigo, Thiago Pereira, é faço questão de divulgá-la aqui porque acredito encerrar o pensamento daqueles que têm juízo político.

Dominguinhos. Já discordei e já concordei com você, em muitos momentos. Já estivemos em lados opostos. Já fomos aliados, amigos e inimigos. De tudo tem um pouco em nossa convivência. Em minhas memórias de criança ficou gravado o dia em que meu avô, Gonzaga Bento, fez meu pai, Roberto Soares, tentar reverter sua filiação ao PT e, consequentemente, o distanciamento de nosso grupo. Meu avô sabia de suas qualidades. Você virou petista, comunista, adversário. Nasceu, então, uma relação de amor e ódio. Você acusou, bateu e levou. 

Pra nós era Dominguinhos, aquele vereador que sabia falar, mas não sadia do que falava, porque não entendia das agruras do poder. O tempo passou, me tornei prefeito, você líder da oposição. Correu o tempo, você aliado meu. Daqui a pouco, você Prefeito! As minhas aflições, de meu avô, de minha família, agora eram suas. Agora você sabia.

Enfim... dava um livro. 

Livro que você fez e contou essa loucura apaixonante que é a política de Princesa. No seu livro você conseguiu arrazoar, com clareza, a complexa e (estranhamente) respeitosa relação mantida entre os Pereiras e os Diniz, após os acontecimentos de 30. Você trouxe, por exemplo, o dia em que o deputado Aloysio Pereira defendeu a honra de seu maior adversário, Nominando Diniz, porque algum "forasteiro" falou de Totonho, em Princesa. Disse Aloysio Pereira que "ninguém vem em nossa terra far mal de um conterrâneo meu". É inacreditável, mas aconteceu. Você relatou debates fervorosos de nossas disputas políticas, alguns que eu assisti. Outros que até participei.

Sempre houve debates. Sempre houve denúncias, ataques, acusações, insinuações. De um lado ou de outro. Mas tudo isso sempre ficou em seu devido lugar. Brigavam de manhã na Câmara, a noite bebiam juntos na barraca do padre, na Festa da Padroeira. Hoje parece que não é mais assim. 

Hoje você se dedica à escrita, depois de uma vida dedicada à política. Nos seus textos, muito além das típicas falhas humanas ou exageros sentimentais, você diz coisas que muitos gostariam de dizer mas não têm coragem. Você faz denúncias que seriam obrigação de outros, mas os compromissos ocultos não permitem. Você incomoda. Não é uma pessoa grata aos incomodados.

Atribuo aos honrados vereadores, signatários do título, apenas o mérito da fidelidade. Fidelidade circunstancial, talvez. Mas o que não é circunstancial em política?

O fogo intenso e avassalador, por mais destruidor e imortal que possa parecer, um dia se torna cinzas e servirá, apenas, de adubo para um novo florescer.


Thiago Pereira 




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