Ontem (10/08/2021), numa “trágica coincidência”- conforme
classificou o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira, o Brasil
presenciou cenas de um evento militar, promovido para a entrega de um convite
para que o presidente Jair Bolsonaro participe das manobras anuais realizadas
pela Marinha em Formosa/GO. Um desfile de caminhões, blindados e tanques de
guerra passeando pela Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Com o intuito de demonstração de força e, consequentemente
intimidar o Congresso Nacional no dia da votação da PEC 125, que previa a
aprovação do voto impresso ou auditável, o presidente da República, que na
verdade se vê enfraquecido politicamente, promovendo esse desfile militar fora
de época (a que parte da imprensa chamou de “micareta”), expôs ao ridículo as
Forças Armadas.
Para o evento, Bolsonaro convidou o vice-presidente da
República, os presidentes da Câmara Federal, do Senado da República, do Supremo
Tribunal Federal, de todos os Tribunais Superiores e várias outras autoridades
federais. Ninguém compareceu. Pelo contrário, a maioria dos próceres protestou
com declarações desaprovadoras dessa pantomima ridícula, desnecessária e
constrangedora.
Já considerado um pária pela comunidade internacional, o
nosso presidente, enfraquecido pelas atitudes reprováveis que vem tomando em
relação aos demais poderes da República, somado ao péssimo desempenho no
combate à pandemia do coronavírus, apela para comportamentos que só corroboram
estar comandando um governo de brincadeira, patético e sem propósito algum, a
não ser a busca da permanência no poder a todo custo, inclusive por vias
autoritárias.
De sorte que, em face do que aconteceu ontem, as demais
autoridades nacionais deram demonstrações de que não concordam com esse
comportamento presidencial. Cientistas políticos afirmam não haver clima nem
possibilidades para que o país se submeta ao autoritarismo de Bolsonaro, e que
as Forças Armadas jamais embarcariam numa aventura golpista. São episódios
isolados de um governo enfraquecido e desesperado com a perspectiva de um
horizonte eleitoral turvo.
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