terça-feira, 7 de setembro de 2021

DIA DA PÁTRIA

 

     Há 199 anos era proclamada a Independência do Brasil. Efeméride mais importante do nosso calendário comemorativo nacional, o dia 7 de Setembro é a única data que é verdadeiramente comemorada em todo o País, de forma alegre com paradas escolares e militares que empolgam a todos em todos os recantos do Brasil, valendo a pena e justificando o dia feriado. A nossa independência ocorreu de forma muito peculiar. O Brasil é o único país da América Latina e um dos pouquíssimos no mundo que se tornou independente sem lutas ou derramamento de sangue. A ruptura incruenta foi articulada num âmbito quase familiar. Os grandes articuladores da nossa emancipação em relação a Portugal não foram militares nem diplomatas, mas sim a princesa Leopoldina (esposa de Dom Pedro I) e o estadista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva, grande articulador do movimento, o que lhe valeu o epíteto de “Patriarca da Independência” e, mais tarde, por seu decisivo papel no processo emancipatório, recebeu, em 11 de janeiro de 2018, através da Lei nº 13.615/2018, o título oficial de “Patrono da Independência do Brasil”.

O Grito do Ipiranga

O chamado “Grito do Ipiranga” foi dado em situação bastante inusitada e inesperada. Dom Pedro, Príncipe Regente, se encontrava em viagem de reconhecimento pelo interior do Brasil, na então Província de Piratininga (atual São Paulo). Conta-se, a boca pequena, que o Príncipe buscava mesmo era os braços da Marquesa de Santos que ali residia e que, alimentado de iguarias a que não estava acostumado, foi acometido de uma indisposição intestinal, o que lhe causou séria disenteria. Nesse estado de saúde, no momento em que estava obrando, o príncipe recebeu mensagem escrita da esposa Leopoldina, dando conta de que as Cortes Portuguesas exigiam seu imediato retorno a Portugal e que, a partir dali, o Brasil seria considerado novamente como Colônia e não mais como membro efetivo do Reino Português ao lado de Algarves. Incomodado com a caganeira e irritado com o comunicado, arrancou de seu chapéu as fitas com as cores de Portugal e gritou ainda acocorado: ”Independência ou Morte!”.

                                                               A história                    

     Na verdade, a Independência do Brasil se deu de forma muito pacífica e incomum. Podemos dizer que não houve independência alguma, pois, o País era comandado pelo herdeiro do trono português e, quando da saída do rei Dom João VI do Brasil, em retorno para Portugal, este recomendou ao filho: “Se o Brasil se separar de Portugal, antes seja para ti que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”.  Se compararmos com outros países talvez tenha sido o Brasil a única grande Nação que nasceu de um parto doméstico, pois, o proclamador de sua independência foi um português que já governava o País e, após a separação de Portugal, continuou governando da mesma forma que vinha fazendo antes, sem nenhuma ruptura ou modificação. Todo o processo aconteceu na maior calmaria sem nenhuma solução de continuidade. Apenas três das dezessete províncias (Pará, Maranhão e Bahia), registraram alguma resistência quanto à nova ordem, o que foi sufocado com facilidade pelo duque de Caxias. O povo só tomou conhecimento da nova situação quando tudo já estava consumado. O inusitado da Independência se repetiria com a proclamação da República, em 1889, que também aconteceu à revelia do povo. Isso demonstra a passividade do povo brasileiro que, desacostumado a resolver suas próprias coisas, em seu conformismo, quando instado a fazer suas escolhas, no mais das vezes, dá com os burros n’água. A apenas um ano da data em que se comemorará o Bicentenário da Independência, estamos todos ainda deitados em berço esplêndido. Viva o Brasil, para que viva o povo brasileiro.




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