Depois de 6 meses de duração, quase sessenta sessões e outros
tantos depoimentos, a CPI da Covid-19 foi encerrada ontem e, hoje, tem seu
Relatório apresentado pelo relator, senador Renan Calheiros. São mais de 1.200
páginas em que se relatam, desde o negacionismo do Governo Federal quanto aos
protocolos científicos para o enfrentamento da pandemia, até as denúncias de
corrupção na aquisição de vacinas.
A pandemia, que ceifou mais de 600 mil vidas, se constituindo
na maior tragédia nacional de todos os tempos, em alguns casos, funcionou como
um lenitivo para os bolsos de políticos corruptos e ladrões. Em todo o Brasil
grassam denúncias de desvio dos dinheiros destinados ao combate à pandemia. Só
no Nordeste, foram mais de 48 milhões de reais gastos com a compra de
respiradores, que nunca foram entregues.
Até em Princesa botaram a mão na cumbuca. Aqui, o prefeito
Ricardo Pereira do Nascimento, está com seus bens bloqueados pela Justiça (já
em segunda Instância), pela acusação do desvio de mais de 268 mil reais em
superfaturamento na compra de testes-rápidos e máscaras protetivas. Investigado
pelo Ministério Público Federal, Nascimento terá de justificar o fato de haver
comprado esses insumos, numa empresa que vende materiais de construções.
Voltando à CPI da Covid, o presidente Bolsonaro, de acordo
com a minuta do Relatório, apresentada ontem, pelo Jornal Nacional, será
indiciado por mais de sete supostos crimes, cometidos durante a pandemia. Desde
a recusa quanto à compra de vacinas, à incitação de aglomerações, até a
denúncias de corrupção na aquisição do imunizante covaxin, sem falar nas
imputações de prevaricação na condução das ações que deveriam ser combativas à
pandemia, e a recomendação do uso de medicamentos ineficazes.
Ainda com relação ao presidente da República, aos seus filhos
e a algumas autoridades – indiciados no Relatório -, a responsabilidade de investigação
será da Procuradoria Geral da República. No tocante às suspeitas de improbidade
administrativa do prefeito de Princesa, caberá ao Ministério Público Federal a
apuração, e a possível punição. Lastimável é que, a Câmara Municipal, ajoelhada
aos pés do prefeito, não tenha tomado providências quanto ao possível desvio do
dinheiro público e o consequente prejuízo financeiro, quiçá, de vidas.
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