EXPEDITO LEANDRO DE CARVALHO, mais conhecido como “TOZINHO”, nasceu em Princesa em 14 de janeiro de 1921 e era filho de José Ferreira Primo (Ferreirinha) e de dona Cícera Leandro de Carvalho. Casou-se, em 10 de janeiro de 1947, com uma prima legítima, dona Terezinha Leandro de Carvalho, com quem teve os filhos: Francisco Leandro; Tito Lívio; Marcos Aurélio; Maria do Carmo; Maria Eduarda; José de Arimatéia; Maria Betânia; Melquizedec e Zíbia Maria. Foi alfabetizado na escola da professora Maria Alice Maia e fez o curso primário no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Desde cedo, Tozinho, deu sinais de ser possuidor de uma Inteligência privilegiada, voltada para as coisas da mecânica. Na verdade, o nosso biografado era mesmo um verdadeiro inventor. Curioso, encontrava solução para qualquer problema que lhe chegasse às mãos e, quando não podia consertar um equipamento, inventava um novo. De temperamento irascível, não suportava perguntas imbecis e tinha pouquíssima paciência com os de inteligência inferior. Paradoxalmente, era espirituoso por natureza, contador de histórias interessantes e grande piadista. Em reunião com pessoas, destacava-se sempre por sua capacidade de agradar a todos com boa conversa e tiradas de bom humor.
“TOZINHO” CONSERTANDO UM AUTOMÓVEL
O artista
Tozinho tinha habilidades as mais variadas: de confeccionador e soltador de balões a consertador de carros (nesse tempo não havia oficinas para veículos automotores em Princesa), tudo fazia de acordo com sua autossuficiência, uma vez nada haver aprendido com alguém. Quando a prefeitura municipal de Princesa fez a aquisição de um motor para a geração de energia elétrica, através do empenho do prefeito José Pereira Cardoso, em 1940, sabedor que o chefe do Poder Executivo municipal pensava em contratar um técnico da cidade do Recife para operar a máquina, Tozinho ofereceu-se para fazer um teste e, para espanto de todos, com apenas 19 anos de idade, pôs o engenho para funcionar e passou a ser o técnico oficial da geração de energia da cidade. Conta-se que o prático [Tozinho] de grande e engenhosa inteligência - nesse mister -, confeccionava as ferramentas de que necessitava para a operação do chamado “motor da luz”. Nessa atividade, Expedito Leandro era auxiliado pelos ajudantes Zé Orestino e “Piga”. Tozinho, que, mais tarde tornou-se funcionário da SAELPA – Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (atual Energisa), responsável pela distribuição de energia elétrica no estado da Paraíba era também – no tempo do motor -, o encarregado de, todas as noites, dar o “aviso” de apagamento da iluminação pública: às 09:00 horas da noite, as luzes acendiam e apagavam, dando o primeiro “aviso” para que todos recolhessem suas cadeiras das calçadas, botassem as crianças que brincavam na rua para dentro de casa e começassem seu recolhimento noturno; às 09:15 horas, ocorria o segundo e definitivo “aviso” e, às 09:30 horas, acontecia o apagamento geral. Com a chegada da energia elétrica gerada pela usina hidrelétrica de “Paulo Afonso”, em 1968, era também Tozinho o responsável por acionar o acendimento da iluminação pública, às 18:00 horas e apagá-las, às 05:00 da manhã, o que o fazia de sua própria cama de dormir.
“TOZINHO” COM OS FILHOS TITO LÍVIO E
MARCOS AURÉLIO ÀS MARGENS DO AÇUDE IBIAPINA
O cinegrafista
A partir da década
de 1950, quando os frades da Ordem Carmelita passaram a ter o comando do cinema
de Princesa – Cine “Santa Maria” -, Tozinho foi convocado para ser o
responsável pelas projeções cinematográficas. Além de operar o equipamento
projetor, o consertava quando desmantelado e emendava as fitas que frei Alberto
Carneiro Leão mandava cortar para evitar que cenas “obscenas” como beijo na
boca fossem projetadas na tela. Exímio nessa arte, o fazia com perfeição ao
ponto de os próprios donos dos rolos de filme jamais constatarem algum defeito
nas fitas. Expedito Leandro de Carvalho, além de tantas atividades, mantinha,
em casa, uma oficina completa, tanto para consertar como para inventar
“estrovengas” que só ele sabia fazer: fabricava lâmpadas; fechaduras de portas;
segredos para cofres; enfim, tudo que lhe viesse à cabeça. Exercia também a
atividade de fotógrafo amador. Gostava muito de ler e de escutar músicas em sua
radiola onde executava seus discos de vinil, quando faleceu, deixou um acervo
considerável de revistas, além de muitos cartazes dos filmes que foram exibidos
no “Cine Santa Maria”. Além dessas atividades de lazer, era exímio contador de
piadas e “inventador” de estórias. De tudo fazia uma piada, soltava uma graça.
Exagerado – característica que lhe era peculiar -, certa vez, ao escutar de uma
amiga, o relato de sua viagem à cidade de Juazeiro Norte, para conhecer a
estátua gigante do padre Cícero Romão Batista, Tozinho fez comentário
interessante. Para tanto, reproduzimos aqui essa história:
Na década de 1970, vários caminhões “paus de arara” saíam de Princesa,
todos os anos, conduzindo romeiros para visitar a cidade de Juazeiro do Norte,
principalmente, para conhecerem a estátua do padre Cícero Romão Batista. A
estátua, inaugurada em 1969, tem 27 metros de altura e é a segunda maior do
País, perdendo apenas para o Cristo Redentor. Isaura, que trabalhava na casa do
eletricista princesense, Expedito Leandro de Carvalho, mais conhecido por
“Tozinho”, empreendeu também uma viagem a Juazeiro para conhecer a estátua do
“Padim Ciço”. De volta a Princesa - exagerada que era -, Isaura passou a
relatar o que viu lá em Juazeiro e, Tozinho, muito espirituoso, escutava tudo
sem dizer nada. Dizia Isaura:
- Tozinho, você precisa conhecer a
“estauta”. É enorme! Só um botão da batina de “meu Padim” é maior do que um
prato grande de comer. O chapéu é quase do tamanho de um fusca. E o nariz.
Ah... O nariz é quase do tamanho de um silo pequeno.
Diante dessa exagerada dissertação de Isaura, Tozinho irritou-se e
disse:
- Ah... Isaura. É por isso que eu vi
uma carreta passar por aqui carregada de fumo pra fazer torrado pro padre
Cícero. “Laiga” de ser mentirosa mulé.
O fim
Viveu pouco. Acometido de “diabetes” e muito desobediente
quanto às recomendações médicas, quando não observava a necessária dieta para
pacientes portadores desse mal, veio a falecer - após sofrer a amputação de
parte de um dos pés -, vítima de coma diabético e insuficiência renal,
precocemente, em 27 de agosto de 1986, aos 65 anos de idade. Pelo muito que
contribuiu para o desenvolvimento de sua Terra através de suas habilidades técnicas,
artísticas e de inventor que era, está Expedito Leandro de Carvalho - o nosso
“professor pardal” -, além de já emprestar seu nome para identificar uma das
ruas da nossa cidade, a merecer figurar no panteão dos ilustres filhos de
Princesa.
Tú esqueceu o nome do mais famoso que é imagem do pai em tudo que diz e que faz: CHICO DE TOZINHO
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