segunda-feira, 15 de novembro de 2021

ANTOLOGIA DOS PRINCESENSES ILUSTRES

ANTÔNIO EUGÊNIO BESÊRRA


ANTÔNIO EUGÊNIO BESÊRRA, nascido em Princesa em 25 de maio de 1932, era filho de Joaquim Eugênio Bezerra e de dona Maria Philomena de Andrade. Solteiro, tinha como irmãos, Paulo; Vital e Maria da Conceição (mais conhecida como “Cunca”). Do primeiro casamento de seu pai, tinha vários irmãos, um deles, o competente fotógrafo “Dão Eugênio”. Antônio Eugênio foi criado em Princesa onde sempre morou juntamente com sua mãe e sua irmã “Cunca”. fez o curso primário no então Grupo Escolar “Gama e Melo” e tomou assento também nos bancos da Escola da professora Alice Maia. Continuou seus estudos no então Ginásio “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Ali, fez também o curso médio, optando pela formação Clássica. Findo os estudos possibilitados em Princesa, Antônio matriculou-se na Escola de Dactilografia de dona Juanita Cardoso onde se apresentou como aluno exemplar, sendo reconhecido – ao término do curso -, como um exímio datilógrafo.

Escola de Datilografia

Animado pela capacidade desenvolvida no ofício de datilografar, Antônio Eugênio fundou, em maio 1962, a Escola de Datilografia “25 de Maio” (o nome da Escola é em sua própria homenagem, a data de seu aniversário). Nessa empreitada, obteve êxito total, por motivo da crescente necessidade de pessoas habilitadas na arte de datilografar (bater máquina), uma vez que o desenvolvimento do Brasil “juscelinista” aportava também nas terras princesenses e aqui, além de serem instaladas várias novas repartições, as que já existiam viam-se obrigadas à adoção do uso da revolucionária máquina de escrever. Com isso, sua escola – única na região, uma vez que a escola de dona Juanita Cardoso já havia fechado -, passou a formar jovens interessados na admissão em empregos públicos. Vinham de todas as cidades polarizadas por Princesa. As formaturas das turmas de alunos aconteciam com grande pompa, o que incluía Missa Solene, Patronos, Paraninfos, Padrinhos, entregas de diplomas e baile.

O teatrólogo

Não se contentando apenas com a Escola de Datilografia, Eugênio instalou também (no prédio onde funcionava sua escola), um Teatro que contava com um pequeno palco e auditório onde eram encenadas peças teatrais; apresentados jograis, acompanhados de cantos orfeônicos; atrações circenses adaptadas, dentre outras atividades culturais. Os cenários do Teatro (fartos de cortinas e enfeites) eram criados pelo próprio que também dirigia as peças teatrais. Isso trouxe grande contribuição para o desenvolvimento da cultura princesense nas décadas de 60 e 70.

Calígrafo, alfaiate e modista

Além das atividades como professor e teatrólogo, Eugênio era também, calígrafo, alfaiate e modista. Na qualidade de especialista em caligrafia, desenhava todo tipo de letras, com destaque para as “góticas” e “garrafais” que são de dificílima execução, tendo sido ele o último princesense detentor da capacidade de fazê-las. Como alfaiate (profissão comum antes do advento da comercialização das chamadas “roupas feitas” ou “confecções”), apesar de míope, era Eugênio um ás do desenho e da tesoura; era especial, pois, enquanto existiam, em Princesa, vários alfaiates: Arlindo Silva; Edeildo Veras; Inácio Dias; Walter Barreto, dentre outros, para confeccionarem roupas para pessoas do sexo masculino e, modistas (mulheres) para desenharem e costurarem roupas para as mulheres, Antônio Eugênio realizava as duas coisas: além de desenhar os modelos, os confeccionava para ambos os sexos. Além de costurar roupas normais e comuns, elaborava e confeccionava fantasias para bailes de carnaval, máscaras para os “caretas” que desfilavam pelas ruas de Princesa na festa de “Momo”, e alegorias para os desfiles do dia “7 de Setembro” e outras datas comemorativas.

O religioso

Muito religioso, o nosso biografado, frequentava a Igreja Católica com assiduidade e colaborava também na organização e nos ornamentos das festas tradicionais. Era membro da “Conferência de São Vicente de Paulo”. Na qualidade de Vicentino, Eugênio era bastante ativo na coleta de donativos para ajudar aos mais necessitados. Na Igreja, era mestre na ornamentação de altares e de andores para a realização de procissões. De temperamento tímido, mesmo assim era bem humorado e piadista sutil. Reservado pela sua condição de homossexual – num tempo em que o preconceito tornava proibitivo a alguém nessa condição conviver normalmente no meio social -, mesmo assim o nosso biografado sempre foi muito respeitoso e respeitado por todos.

Como vemos, Antônio Eugênio Besêrra (assim mesmo com “s” acentuado por erro do Cartório), em que pese ter prestado grande contributo para a educação, a cultura em geral e o folclore de Princesa, nunca recebeu sequer uma menção de reconhecimento pelo muito que fez por sua Terra. É tanto que, para a elaboração e divulgação deste pequeno Perfil Biográfico, careceu este que escreve de uma fotografia do homenageado o que conseguimos após rigorosa garimpagem por vários setores da cultura de Princesa. Solteiro e sem filhos, após a perda da mãe, sua irmã mudou-se para a capital pernambucana deixando-o morando sozinho. Acometido de tuberculose, mal que lhe minou a saúde, veio a falecer com problemas respiratórios graves, em agosto de 1994, na cidade do Recife para onde foi levado pelos irmãos, para tratar-se e lá foi sepultado. Para que não fique no esquecimento de seus conterrâneos, principalmente dos mais jovens que, desvalidos de quaisquer referências biográficas àquele artista de grande importância para a nossa história cultural, promovemos agora o resgate de parte de sua memória. A única homenagem dispensada ao importante professor foi a aposição de placas com o seu nome em uma das ruas da cidade, atendendo a uma propositura deste que escreve quando exercia o cargo de vereador. Pelo muito que representou para Princesa, Antônio Eugênio Besêrra está a merecer esta homenagem de todos os filhos desta terra e o reconhecimento como pessoa ilustre e destacada da sociedade princesense.




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