FELICIANO RODRIGUES
FLORÊNCIO, mais
conhecido como Major Feliciano, nasceu em Princesa em 13 de dezembro de 1851.
Era filho de Francisco Rodrigues Florêncio e de dona Rosa de Medeiros
Florêncio. Feliciano teve idade provecta, morreu em 1944 aos 93 anos de idade.
Pode-se dizer que foi ele o patriarca de muitas das famílias mais importantes e
tradicionais de Princesa. Ramificam-se dele ou se entrelaçam com o dele, os
seguintes sobrenomes de famílias princesenses: Florêncio; Rodrigues; Medeiros;
Barros; Frazão; Leandro; Florentino; Lima; Andrade; Pereira, Carvalho, dentre
outros vários. Muitos dos personagens que protagonizaram a história recente de
Princesa têm com o velho Major alguma identificação: José Pereira; Richomer
Barros; José Frazão; Aloysio Pereira; Sebastião Medeiros e muitos outros.
Feliciano, além de próspero agricultor, agropecuarista e proprietário de vastas
terras, destacava-se também por ser detentor da patente de Major da “Guarda
Nacional”. Constituiu família através de duas uniões matrimoniais. As primeiras
núpcias contraiu com dona Joaquina de Andrade Lima com quem teve os filhos:
João; Luiz; José; Maria e Antônia. Do segundo casamento, com Maria Adélia de
Medeiros, nasceram: Ana, Noemi e Francisco.
Desilusão amorosa
Segundo descrito no livro de autoria de Ada Florêncio Barros
da Nóbrega (neta do Major): “Feliciano
Rodrigues Florêncio – O moço, o major, o velho” – Ideia – 2013 – João
Pessoa/PB, o velho, quando jovem aos dezoito anos teve uma paixão por uma moça moradora
no termo de Floresta/PE, chamada Úrsula, paixão que não logrou êxito uma vez
estar a jovem prometida a outro rapaz. Esse desengano amoroso, segundo narra
sua neta escritora, cobriu de tristeza toda a existência do Major Feliciano.
Extraído do livro acima citado:
“(...) Quando comecei a escrever sobre ele
[Feliciano], a primeira coisa que coloquei no papel, como fato da maior
relevância, motivo preponderante do seu viver, foi sua paixão pela moça de
Floresta, tal como inúmeras vezes ouvi-o narrar. Acho que o episódio máximo que
o envolveu para sempre necessitava ser dividido, se possível, com todos os
humanos que pudessem se alegrar ou chorar com ele (...)”.
Líder e revolucionário
Feliciano Florêncio era um líder por natureza, começando esse
exercício em casa quando, na qualidade de patriarca de um clã, sempre proveu a
todos os seus filhos de meios para que se desenvolvessem como donos de casa e
pais de família. Cuidava de tudo. Destemido, nunca se intimidava com nada e
tinha respostas para tudo. Lutou na “Guerra de Princesa” ao lado do coronel Zé
Pereira – de quem era parente e amigo íntimo -, como um dos comandantes ou chefes
de grupo daquele movimento revoltoso que instituiu o “Território Livre de
Princesa”. Era da linha de frente. Depois da luta, com a vitória da “Revolução
de 30”, foi preso sob a acusação de desobediência civil. Submeteu-se à prisão,
mas não abandonou Princesa. Resistiu e protestou contra as perseguições
impostas a seus familiares, especialmente à sua destemida filha, Antônia
Florêncio Carlos de Andrade (“Dona Toinha”) desafiando os poderosos que
acabavam de assumir o poder e, impávido, chegou até a pedir garantias diretamente
ao presidente (governador) do Estado para si, seus familiares e seus amigos.
Quando da ocupação de Princesa por um pelotão do exército comandado pelo
capitão João Facó, este, o convocou para retirar-se da cidade, ao que o Major
respondeu: “Daqui não saio para canto
nenhum. O que foi que fiz? Não matei, não roubei, não desonrei. Sou um pai de
família, vivo do meu trabalho, por que vou ter que abandonar tudo e me
retirar?”. Não saiu de Princesa e enfrentou tudo até as coisas se
acalmarem. Conta-se que, instado pelo então Delegado de Polícia, Antônio Diniz
- que era também irmão do novo prefeito da cidade -, para visitar sua filha
[Antônia] presa na cadeia de Princesa, o Major – considerando aquele convite um
acinte -, o pôs de casa para fora num perigoso desafio que poderia lhes causar
grandes prejuízos em detrimento de sua própria liberdade ou integridade física.
O fim
Findas as querelas de 1930 viveu, o Major, o resto de seus
dias em Princesa sem nunca haver sido desrespeitado nem desrespeitar ninguém.
Depõe contra o famoso Major (pela dubiedade de depoimentos), sua posição tomada
quanto ao hediondo crime perpetrado, com a participação de um de seus filhos
(José Policarpo) contra o médico cearense, doutor Ildefonso de Lacerda Leite,
em Princesa, em 1902. Conforme escritos da época, Feliciano foi conivente com
essa tragédia – se não diretamente envolvido, porém, no mínimo, omisso – que
abalou Princesa e foi notícia em toda a imprensa do Nordeste e até nacional.
Nessa ocasião, foi preso – juntamente com o então vigário da paróquia de
Princesa, Padre Manoel Raymundo de Nonato Pitta -, acusado de urdir o
assassinato do médico cearense. Em tempo breve, considerado inocente, foi
absolvido e solto.
O velho Major, em que pese haver tido pouca instrução formal,
sabia ler e escrever e era afeito a tiradas sábias na sua filosofia matuta, o
que encantava a todos, porque carregada de sinceridade e destemor no dizer.
Nada o abalava, pois, segundo sua neta Ada, a única coisa que o afetou
fortemente na vida foi perder o seu verdadeiro amor, dor que não poderia jamais
ser sobreposta por outra qualquer. Segundo a escritora, essa desventura o fez
forte para enfrentar as agruras da longa vida.
O Major Feliciano foi um homem do seu tempo. Além da forte
influência que exerceu no meio familiar o fez também nos âmbitos político e
social, uma vez que foi ele, o único princesense, até hoje, a presidir o Poder
Legislativo por quatro vezes consecutivas, realçando que, naquela época, o
cargo de Presidente do Conselho Municipal (equivalente à Câmara Municipal de
hoje), detinha as funções de Prefeito da Vila ou da Cidade. Foi também, em 1909,
Suplente de Juiz Municipal. Dada à grande influência que teve o Major Feliciano
Florêncio, na vida política e social de Princesa, está o mesmo a merecer esta
sucinta rememoração que, a exemplo da homenagem a ele prestada, logo após sua
morte, quando a Câmara de Vereadores aprovou uma Lei dando seu nome à Rua mais
antiga de Princesa (Rua “Major Feliciano”, localizada no Bairro do Cruzeiro”),
o inscrevemos agora na relação dos princesenses ilustres.
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