segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

BELARMINO MEDEIROS


BELARMINO MEDEIROS, mais conhecido como “Belo Medeiros”, nasceu em Princesa, em 22 de setembro de 1908, era filho de Plácido José de Medeiros e de dona Philomena Leandro. Casou-se com dona Rosenda Frazão, que era filha do major José Frazão de Medeiros Lima e neta do major Feliciano Rodrigues Florêncio. Desse casamento nasceu um único filho, chamado Robson. Belo Medeiros, estudou as primeiras letras na escola do professor Adriano Feitosa e completou o curso primário, já rapaz, no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Autodidata, Belarmino sempre foi afeito ao hábito da leitura e tinha especial predileção pela poesia. Assim, mesmo sem completar seus estudos de maneira formal, detentor de memória fabulosa, tornou-se um intelectual pelo vasto conhecimento adquirido através das contumazes leituras e das várias viagens que empreendeu por todo o Brasil. Ainda muito jovem tornou-se gerente da “Casa Estrêla”, estabelecimento comercial pertencente ao seu rico irmão, Sebastião Medeiros.  Extraído do “Almanaque Paraibano”:

A “Casa Estrêla”, fundada em 1927, já naquela época expandia suas ações comerciais em duas filiais: uma no vizinho distrito de Tavares e a outra no distrito de Alagoa Nova (atual Manaíra). Tinha também – o negócio de Sebastião -, muita influência nas comunas do Vale do Piancó, vendendo em grosso para as praças de Nova Olinda, Sant’Ana, Conceição, Misericórdia (atual Itaporanga), dentre outras.”.

Como vemos, a casa comercial gerenciada por Belo era um empório de grande importância, o que denota a capacidade administrativa do nosso biografado. Saído da gerência da Casa Estrêla, Medeiros, após casar-se, mudou-se para a cidade de Rio Branco (atual Arcoverde) no estado de Pernambuco. Ali administrou uma farmácia e, como sempre, levava uma vida muito movimentada no campo social. Era o que podemos chamar de bom vivant.   Bem apessoado e vaidoso, gostava e sabia desfrutar os prazeres da vida. Em 1955, já rico e residindo em Rio Branco chegou ao auge quando teve o privilégio de ser o condutor - em seu automóvel americano da marca pontiac -, do então candidato à presidência da República, Juscelino Kubitschek, quando da visita eleitoral deste, àquela cidade, do campo de pouso até o centro de Rio Branco.

                                                       Incursão na política                                                      

     Em 1951, Belarmino foi escolhido pelo PSD – Partido Social Democrático - liderado pelo então deputado federal Alcides Vieira Carneiro -, para concorrer como candidato a vice-prefeito de Princesa, na chapa encabeçada por Zacharias Sitônio. Eleito, tomou posse no cargo de vice-prefeito em 30 de novembro daquele ano, ocasião em que foi escolhido para fazer o discurso oficial de posse. Pereirista que era, aproveitou a oportunidade para fazer uma homenagem ao coronel José Pereira, falecido dois anos antes, no que perorou:

 “(...) a grande figura do coronel José Pereira Lima, que, apesar do falecimento, o mesmo não passa por esquecido, porque o povo jamais esquecerá aquele grande político sertanejo que batalhou, como chefe político local e deputado estadual, pelo constante engrandecimento da nossa terra (...)”.

Por motivo do afastamento do prefeito Zacharias Sitônio, pela Justiça Eleitoral, Belo Medeiros assumiu o governo, interinamente, em 1º de outubro de 1952, permanecendo na chefia da administração Municipal até o dia 08 de novembro desse mesmo ano.

O CASAL ROSENDA E BELO

O intelectual

     Belo Medeiros tinha vasta biblioteca e recitava décor obras completas dos renomados poetas Augusto dos Anjos e Castro Alves. Fazia também as suas. Há quem diga que elaborou um trabalho literário sobre dramaturgia e que entendia e falava algumas palavras do idioma francês e que, em seu périplo pelo Brasil – tendo viajado muitas vezes ao Rio de Janeiro -, conheceu muitas personalidades da política e da intelectualidade nos cabarés chiques da “Lapa” carioca. Foi Belo Medeiros quem sugeriu que o nome da rua onde - a partir da década de 1940 -, passou a funcionar o Cabaré de Princesa, fosse denominada de “Rua da Lapa”. Lamentavelmente nada consegui recolher, dos seus escritos, para aqui reproduzir. Além do amor pelas letras, Medeiros era também um exímio contador de histórias, o que aprendera, em parte, pelo gosto de conversar com os mais velhos. Mesmo muito jovem, era muito amigo do major Feliciano Florêncio com quem encetava longas conversas por admirar a inteligência e a presença de espírito do velho, que era avô de sua esposa, Rosenda; com isso, muito do que Feliciano sabia e lhe disse, Belo reproduziu em conversas com os amigos, pena que muito disso ficou esquecido e sem nenhum registro. Conta-se que o major Feliciano não gostava do sobrenome “Medeiros”, por conta de uma rixa antiga com um importante membro daquela família, e brincava com Belarmino dizendo ser o mesmo de “raça ruim”, acrescentando que, os “Medeiros” eram uma corruptela de “merdeiros” (aqueles que conduziam ancoretas contidas da merda produzida pelos ricos para serem despejadas todos os dias). Dizia o velho, com deboche, que Belo vinha dessa descendência. Porém, tudo não passava de divertida brincadeira. Belo Medeiros que fez sucesso nos negócios e na política faleceu, pobre e quase nonagenário, na cidade de João Pessoa e está para Princesa como um seu patrimônio cultural, uma vez representar a alta sociedade e haver sido membro da intelectualidade e da política princesense. Em face disso, está definitivamente inscrito na relação os filhos ilustres desta Terra.






                    

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