quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

CHOQUE DE CIVILIZAÇÃO

 

 Nasci em Princesa Isabel, no Estado da Paraíba, e lá passei os meus primeiros quinze anos de existência, retornei posteriormente, por um pequeno período, e acabei por  fixar minha residência e domicílio definitivos  em Campina Grande. Comparando a Princesa de minha época, que teve como prefeito Antônio Nominando Diniz, primo de meu pai, com a Princesa de agora, resta-nos perceptível a sua imensa decadência sócio-política. A educação não é a mesma, a gestão pública passou a ser gerida com níveis só comparáveis a de países párias como Venezuela, Afeganistão, Bagladeschi, Tuvalu, Somália etc. A chamada coisa pública, ou patrimônio material que pertence ao povo, passou a ser uma   verdadeira "la nostra cosa", como é comumente dito pelos mafiosos italianos. E de queda em queda, em busca de um abismo sem fim previsível, parecia que ia andando Princesa. Mas não! De repetente, e não mais que de repente, eis que surge a Polícia Federal, há dois ou três dias passados, e mostra que Princesa atingiu um grau de civilidade sequer visto em qualquer pais. Fiquei surpreso com a fala do prefeito da cidade ao se referir "a visita" que recebera, em sua casa, da  Polícia Federal. Segundo ele foi uma troca de amabilidades nunca vista no Sertão da Paraíba, quiçá no Brasil. Segundo Nascimento (repeitemos o seu nome de batalha política) a PF ingressou em sua casa como se fora uma velha amiga em busca de aconchegos, de uma prosa de comadre e de fofocas próprias daquelas solteironas encalhadas que nós, princesenses mais velhos,  presenciáva-mos em nosso passado já distante.    Maravilha das maravilhas! Reciprocidade foi a palavra usada pelo prefeito para falar acerca da operação exercida pela Polícia Federal. A palavra não se encaixa no contexto mencionado por Nascimento. Há reciprocidade quando duas ou mais pessoas,  em igualdade material e instrumental de condições possam fazer conceções mútuas, trocas de coisas físicas ou imateriais etc. Ora, Nascimento é um investigado e a Polícia Federal é um órgão do Estado brasileiro. Não pode e nem deve haver conceções entre ambos. Principalmente da forma como dito pelo "homem do bingo", "dos telefones de Lagoa da Cruz" e da "energia elétrica do Sítio Sardote". Ou seja, de maneira informal e na casa do próprio investigado, distante dos rigores do devido processo legal. E Nascimento também disse que havia entregue uma míriade de coisas a PF, movido pelo espírito altaneiro de ajudar no processo de coleta de dados. Tudo mentira! Ele foi obrigado a entregar os meios de prova, inclusive seu telefone pessoal (o que há nele?) , dentre outros "bichos" de igual periculosidade. E agora me veio à mente um pensamento: como pode haver tanta reciprocidade, entre Nascimento e a PF, se rodou pelo Brasil afora a imagem de um policial, pulando o muro do indigitado e em cumprimento a uma decisão da Justiça Federal? Não seria mais fácil entrar pela porta da frente? O discurso do homem narigudo não convive pacificamente com os fatos, até porque tenta brigar com imagens, negando todas elas. Em quem você acredita mais, em Nascimento ou em seus próprios olhos?                          


Wellington Marques Lima








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