segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

CÍCERO MARROCOS


CÍCERO MARROCOS nasceu na cidade de Areia, na Paraíba, em 06 de junho de 1895. Era filho de Herculino Rodrigues Marrocos e de dona Maria da Anunciação Marrocos. Casou-se, em 11 de dezembro de 1917 com dona Maria Medeiros Marrocos, com quem teve os filhos: Manoel, Sebastião, Dorothéa; Aretuza; Lêde Claire e Doralice. Pelo fato de não ter nascido em Princesa não deixa, o cidadão em tela, de merecer essa homenagem e de figurar nessa Antologia que elenca os filhos ilustres desta Terra, pois, pelo muito que representou para Princesa, está sim, a fazer jus a lugar de destaque na nossa história. Cícero Marrocos era detentor de várias habilidades. Além de artesão da madeira (fabricava móveis com requintes de fina arte), era hábil na confecção de armas de fogo. Para espanto dos que viveram em sua época, chegou a fabricar uma pistola de dois canos que funcionava perfeitamente.

Amigo de Zé Pereira

Amigo e correligionário do coronel José Pereira Lima, muito o auxiliou na chamada “Guerra de Princesa”, quando funcionou como uma espécie de almoxarife, responsável pela distribuição de armas e munições junto aos chamados “Libertadores de Princesa”. Além de homem da extrema confiança de Zé Pereira, Marrocos era sempre convocado para proferir discursos nas solenidades e nos comícios do partido. Em que pese não ter tido uma educação formal, lia muito e, na qualidade de homem muito inteligente e portador do dom da oratória, proferia falas antológicas, em sua maioria eivadas de ácidos ataques a seus adversários. Tinha, Cícero Marrocos, verdadeira ojeriza à família Nominando Diniz. Não se dizia apenas adversário figadal, mas sim, inimigo dos que compunham aquele grupo político.

O orador

Seus discursos eram fortes de invectivas e, por isso, ganhou os epítetos: “Língua de Aço” e “Espinho de Garganta”. Certa vez, durante a campanha eleitoral de 1968, em que concorriam à prefeitura de Princesa: Miguel Rodrigues e Joaquim Mariano (pelo MDB1 e MDB2, respectivamente), contra Antônio Nominando Diniz, pela ARENA, por ocasião de um comício realizado no Povoado de São José (atual cidade de São José de Princesa), pronunciava-se, Cícero Marrocos, em contundente oração, de cima de um caminhão, quando visualizou dois homens se esgueirando, saindo da multidão o que lhes pareceu movimento de retirada estratégica de adversários espiões. Interrompeu a carreira de sua fala, invectivou:

“Não corram, seus covardes, fiquem para escutar as verdades que tenho a dizer sobre seus chefes, amarrem no cós de suas calças, ou saias, sei lá! E levem para aqueles que dormem as verdades dos que querem que Princesa continue acordada!”.

Doutra feita, em discurso pronunciado num evento que recepcionava o ilustre princesense e então candidato ao Governo do Estado da Paraíba Alcides Vieira Carneiro, em 1947, escolhido para fazer a fala de abertura, após saudar as autoridades presentes, Marrocos referiu-se ao novo serviço de som (difusora) inaugurado pelos do grupo “Diniz”, dizendo:

“O adversário montou uma difusora com o nome ‘A Voz de Princesa’. Eu não conheço outra voz de Princesa que não seja a voz do Coronel José Pereira Lima!”.

                                              Homem de coragem

Era assim, Cícero Marrocos, indefectível defensor do Coronel. Por conta dessas tiradas ácidas e contundentes, certa vez lhe ameaçaram de retaliações físicas. Não se fez medroso e, quando vinha de seu trabalho no prédio da SANBRA (onde hoje está instalada a sede da Prefeitura Municipal), quando já era noite, armado de uma faca, vislumbrou (na penumbra da noite), algo se movimentando como se estivesse alguém à sua espreita. Destemido, continuou seu caminho e, quando chegou bem perto daquele movimento suspeito, já disposto a enfrentar o inimigo oculto, deparou-se com um jumento balançando o rabo.

Além de orador e artesão, Marrocos desempenhou também o cargo de Secretário de Obras da Prefeitura Municipal de Princesa, desde o mandato de seu amigo particular o prefeito Manuel Florentino de Medeiros (primeiro prefeito eleito de Princesa, em 1937) e por quase todos os mandatos comandados pelos prefeitos do grupo “Pereira”. Faleceu em Princesa, aos 83 anos de idade, em 20 de fevereiro de 1979.






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