sexta-feira, 3 de junho de 2022

Temos de aprender a nos indignar

Para o nosso complexo de vira-latas, parece que não tem jeito mesmo. Completaram-se, semana passada, dois anos do rumoroso caso do assassinato do negro americano, George Floyd, quando foi morto, asfixiado, pelo joelho de um militar branco. Lá nos Estados Unidos, o assassino e ex-militar foi preso e condenado, por um Tribunal do Júri, a cumprir 22 anos e meio de prisão. Por conta daquele crime, todo o país (EUA) levantou-se em protestos contra tal ignomínia que reuniu, além de extrema violência, exacerbado racismo.

Aqui no Brasil, em nosso “viralatismo”, ao invés de tomarmos aquilo como exemplo para coibir esse tipo de comportamento, não, o adotamos como praxe. Semana passada, a Nação inteira viu, pela televisão, o assassinato de um doente mental, o sergipano Genivaldo Jesus dos Santos que, por estar numa motocicleta, sem capacete, foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal, que o imobilizaram com o joelho em seu pescoço e, como se não bastasse, depois de amarrá-lo em mãos e pés, jogaram-no no camburão de uma viatura e dispararam uma bomba de gás lacrimogênio.

Genivaldo morreu na hora. Seus assassinos, porém, continuam soltos e sem punição alguma até agora. Mesmo diante da evidência desse assassinato (o que foi presenciado por todo o país), a Polícia Federal continua investigando para comprovar o que é um fato comprovado. Anteontem (1º), um homem negro foi abordado por agentes da Guarda Civil Metropolitana da cidade de São Paulo, derrubado ao chão e, de novo o joelho entrou em ação quando um dos agentes que o atacaram, o imobilizou com o joelho em seu pescoço e, tudo indica que, para incriminá-lo, forjaram até um flagrante de porte de drogas.

Exonerados do papel que lhes cabe - que é o de defender a sociedade -, alguns policiais irresponsáveis extrapolam em suas funções e matam. Urge que sejam implantadas câmeras corporais, nos fardamentos de todos os policiais, para que possamos nos defender da violência de alguns. Guardas Municipais, não devem exercer o papel de polícia, eles existem para defender o patrimônio público e proteger a sociedade. Enquanto o Brasil, inerte, não se indigna com essa situação, a OEA e a ONU, já apresentaram protestos formais e pedidos de providências para que os culpados sejam punidos. Um morreu e, o outro, escapou por um triz, graças aos populares que estavam filmando a cena de violência

São duas situações de violência extrema, que aconteceram num espaço de tempo de apenas uma semana. Uma em Sergipe e outra em São Paulo. E, o Brasil, calado. As autoridades “investigando” e, os negros e demais minorias, esperando sua vez. É a banalização da violência, mesmo porque, nem o bom exemplo, as autoridades se preocupam em dar. Enquanto dois negros estavam sendo vítimas dessas violências – um deles pelo simples fato de estar numa motocicleta sem usar capacete -, o presidente da República participava de motociatas eleitoreiras, também sem capacete, e nada aconteceu com o chefe da Nação. É aquela máxima que diz: quem pode, pode e, quem não pode, se sacode. Agora, que o “joelho no pescoço” virou moda, os tai-de-faca que se cuidem.







 

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