- LITERATURA DE CORDEL -
PROJETO DESENVOLVIDO NA CADEIA PÚBLICA DE PRINCESA ISABEL-PB PELA PROFESSORA JOSEANE ANDRÉ.
MINHA HISTÓRIA, MINHA VIDA
SONHOS E PERSPECTIVAS
(Diário de um apenado)
Tem dias que eu nem sei
O que sou ou o que tenho,
Falta alegria, vontade
Falta esperança e empenho,
Nessa vida de marasmo
Ta faltando entusiasmo
Que nem sei mais de onde venho.
Mas tem dias que me acordo
Com uma saudade danada,
E o que eu gosto de fazer
Pra dar uma aliviada,
É para um retrato olhar
Para a saudade abrandar
Da minha família amada.
Também gosto de ocupar
Minha mente pra fazer,
O tempo passar depressa
E também eu me entreter,
Pois assim é uma maneira
De não pensar em besteira
E de não enlouquecer.
Pois meu desejo maior
Com toda sinceridade,
É eu encontrar de novo
A minha felicidade,
Para abrir o meu sorriso,
Mas antes disso preciso
Alcançar a liberdade.
Porque nada é mais precioso
Que poder andar liberto,
Sentir a brisa do vento
Ver a família de perto,
Os passarinhos voando
Amigos se encontrando
E o céu todo descoberto.
Depois daí prosseguir
Com minha família ao lado,
Ser útil em alguma coisa
Como já fui no passado,
Recomeçar com coragem
Sabendo que na viagem
Meu Deus vai tá do meu lado.
Aos meus amigos de fora
Que aqui também estão,
Por algo que foi preciso
Receber uma lição,
Que fique algo concreto
Pra gente seguir correto
Numa nova direção.
É preciso nessa andada
Saber escolher os trilhos,
Para a nova caminhada
Que não vai ser só de brilhos,
Principalmente os que tem
Mulheres que querem bem
Juntamente com seus filhos.
Os que não tem matrimônio
Tem sua família amada,
Essa vai estar feliz
Na sua nova jornada,
Pra isso fez muita conta
E agora mesmo está pronta
Para a nova caminhada.
Aqui só vamos deixar
A saudade ‘matadeira’,
De quando a gente lembrava
Nossa família fagueira,
E sem poder fazer nada
Com a alma dilacerada
Sofria a semana inteira.
Mas também tinha um alívio
Algo que até confortava,
Era quando nas visitas
Nossa família encontrava,
A gente podia rir
Contar histórias, ouvir
Sem nem lembrar onde estava.
Mas chegou à pandemia
E a gente sofreu demais,
Por causa disso acabou
Visitas presenciais,
Só sobrou o celular
Pra gente se comunicar
Ganhar um pouco de paz.
O aparelho cedido
Para se comunicar,
Partia da direção
Que tinha alguém pra ligar,
Era tudo cronometrado
Quatro minutos, marcado
Para cada um falar.
Aqui quero sepultar
As angústias e os rancores,
As mágoas com as tristezas
Os ódios e os dissabores,
Porque quando eu sair
Só precisa me seguir
Meus sonhos e meus amores.
Eu quero que venha também
Junto as minhas fantasias,
Perspectivas, comoções
Emoções e alegrias,
Sentimentos e esperanças
Os projetos de mudanças
Certezas pra novos dias.
Quero sonhar com o futuro
Livre, leve e promissor,
Onde eu possa me encontrar
No homem trabalhador,
Honesto, justo, capaz
Firme nos seus ideais
Remodelado no amor.
Eu também quero contar
Da dor e do desconforto,
Do futuro que é agora
Do pensamento absorto,
Quero falar da vitória
Porque um ser sem história
É praticamente morto.
Esse cordel relatou
Que é possível trabalhar,
As emoções que fazem parte
De um Currículo Escolar,
E que está magistral
Firme na Base Nacional
Comum Curricular.
Que essas histórias não tem
Em nenhum livro didático,
Só no livro das emoções
Rotineiro e pragmático,
Que isso é educação
Feito com afeto, emoção
Enternecendo o dramático.
Poeta cordelista
Rena Bezerra
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