MANUEL FLORENTINO DE MEDEIROS nasceu em 1892, no antigo Distrito da Barra (atual município de Juru) que pertencia à então Villa de Princêza. Era filho de Marçal Rodrigues Florentino e de dona Úrçula Emília de Medeiros. Casado com dona América de Assis Nóbrega, teve os filhos: Antônio; Assis; Zezito e Maria de Lourdes. Era homem de posses, pois, proprietário de terras e de gado e também dono de engenho de cana-de-açúcar naquele povoado. Conversador, valente, festeiro, elegante e bom de copo, era, Manuel Florentino, um cidadão de primeira linha. Detinha também o título de "Coronel da Guarda Nacional". Em que pese não haver tido a oportunidade de receber uma educação formal, após o aprendizado das primeiras letras e de ter feito o curso primário sob a orientação de um professor particular, fez-se autodidata e contumaz leitor dos raros jornais e revistas que apareciam na região, tornando-se um homem mais ou menos letrado.
O político
Logo cedo demonstrou interesse pelas coisas da política. Aliado do coronel José
Pereira Lima de Princesa, Manuel Florentino fazia parte do Diretório Municipal do PP -
Partido Progressista, quando foi escolhido por essa agremiação partidária para concorrer como candidato a prefeito de Princesa nas eleições de 1935. Nesse pleito, disputou com o médico - também princesense -, doutor Severiano dos Santos Diniz, sendo eleito, quando impôs uma maioria de 232 votos sobre seu adversário. Nessas eleições, ocorridas em 09 de setembro de 1935, Manuel Florentino tornou-se o primeiro prefeito eleito de Princesa. Tomou posse em 31 de dezembro daquele mesmo ano, governando o município até 09 de dezembro de 1937. Seu mandato não chegou a ser completado em face da instalação da ditadura do "Estado Novo", por Getúlio Vargas. Sobre Florentino, quando prefeito de Princesa, escreveu, o jornalista Ângelo
Cibella, em 1936, na Revista "A ECONOMISTA":
"É, atualmente, Prefeito do município d Princêza, o sr. Manoel Florentino de Medeiros, eleito a 9 de setembro de 1935 e assumindo o cargo a 12 de dezembro (sic) do mesmo ano. Pertencendo a uma tradicional família sertaneja, tem grande projeção política e social dentro do município, tendo sido a sua eleição, uma consequência direta de seu prestígio como figura de relevo e de destaque no seio do Partido Progressista. Dentro das possibilidades que oferecem as rendas públicas do município, o Prefeito Manoel
Florentino, vem desenvolvendo um largo programa de trabalho e de benefício para a municipalidade. Princésa tem recebido, assim, do seu chefe e administrador, os maiores melhoramentos."
Prefeito novamente
Em 1° de março de 1946, Manoel Florentino foi nomeado prefeito de Princesa pelo interventor do Estado da Paraíba, Samuel Vital Duarte. Ocupou esse cargo, pela segunda vez, até 15 de março de 1947. Em 12 de outubro desse ano, Florentino foi eleito vereador, sendo o mais votado, quando obteve 424 sufrágios. Animado com o constante sucesso que vinha obtendo das urnas, o coronel Florentino acalentou - desde sua eleição para a Câmara Municipal -, a intenção de candidatar-se a deputado estadual. Assim o fez em 1950, concorrendo pela CDC - Coligação Democrática Cristã.
Porém, sem o necessário empenho de seu partido em Princesa, que era comandado por Alcides Carneiro e Aloysio Pereira, não conseguiu ser eleito quando obteve, no município, apenas 1.381 votos, ficando na 23ª Suplência. Frustrado com essa inesperada derrota, mesmo assim postulou ser indicado, novamente, como candidato a prefeito de Princesa no pleito de 1951. Nesse mesmo ano, teve um grande desgosto quando, em busca de apoio político, foi ao aeroporto do Recife, em companhia de seu filho, o médico Antônio Florentino, esperar o desembarque do deputado federal, o princesense Alcides Carneiro vindo do Rio de Janeiro. No retorno à sua casa, viu falecer seu filho dileto num acidente automobilístico, em que ficou, Manuel Florentino, bastante ferido e convalescente por vários dias.
Rompimento político
Preterido pela cúpula do Partido - quando o PP (Partido Progressista) emprestou total apoio à candidatura de Zacharias Sitônio a prefeito de Princesa -, Manuel Florentino, desgostoso com sua agremiação política, afastou-se do convívio partidário, recolhendo-se ao seu Povoado de origem, decidido a não mais submeter-se ao julgamento das urnas. Em 1958, por ocasião da candidatura de Aloysio Pereira a
deputado estadual, este convidou o velho correligionário para participar de um comício que faria em Juru. Diante da recusa de Florentino em comparecer, Pereira demonstrou grande desapontamento que, estranhamente (segundo depoimento da filha de Manuel Florentino, dona Maria de Lourdes Florentino Teixeira), culminou com uma briga quando um cabo da polícia que destacava naquele Distrito, deu voz de prisão a Florentino e este, recusando-se a entregar-se, provocou grande tiroteio em que foi morto o policial, abatido por um dos seus filhos. Acusado como coautor do crime, o Coronel homiziou-se em Princesa, sob a proteção de Nominando Muniz Diniz, passando, a partir daí, em agradecimento a essa solidariedade, a aliar-se politicamente aos seus antigos adversários. Mesmo sem disputar eleições, a partir desses episódios inexplicáveis, Florentino passou a apoiar os candidatos nominandistas e nunca mais se compôs com os do grupo Pereira. Manuel Florentino de Medeiros, o primeiro prefeito eleito de Princesa, homem que muito contribuiu para o desenvolvimento político e social do nosso município está a merecer esse registro biográfico que resgata parte da trajetória desse cidadão que muito fez por sua Terra. Faleceu, vítima de um infarto do miocárdio, em Juru, aos 71 anos de idade, em 1963. Por tudo que representou, está
Manuel Florentino de Medeiros a merecer figurar no rol dos princesenses ilustres.
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