terça-feira, 1 de novembro de 2022

Uma eleição inusitada e divisora de águas

A eleição do último dia 30 de outubro vai entrar para a história política como um dos pleitos mais antológicos já havidos no Brasil. São vários os ingredientes que o fazem diferente dos demais. Desde a disputa entre dois candidatos, representantes de pensamentos completamente antagônicos, até à forma como se desenvolveu em todo o curso da campanha eleitoral.

Disputaram, pela primeira vez, um presidente da República ocupando o cargo, em busca da reeleição e um ex-presidente que já havia ocupado esse cargo por duas vezes em busca do retorno a essa cobiçada cadeira. O primeiro, representante da extrema-direita e, o outro, defensor do pensamento de centro-esquerda: Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luís Inácio Lula da Silva (PT), respectivamente.

Venceu o candidato do PT. Em que pese haver sido vitorioso com a menor diferença já registrada (1,9%) em eleições presidenciais, Lula obteve a maior votação (mais de 60 milhões de votos) já alcançada por um candidato à presidência da República. Uma eleição acirradíssima e contida de componentes nunca vistos. Além de haver sido um teste para a democracia brasileira – por seus componentes golpistas -, foi esta uma eleição inusitada.

Depois da redemocratização (1985) e do estabelecimento do instituto da reeleição para cargos majoritários no Brasil, nenhum dos mandatários que concorreram a um novo mandato, de forma consecutiva, perdeu a reeleição. Para conseguir a sua, Jair Bolsonaro fez de tudo o que se apresentou ao seu alcance. Com a ajuda do “centrão” e o apoio da maioria do Congresso Nacional, até a Constituição foi mudada para viabilizar sua eleição. Em vão.

Mesmo com o arrombamento dos cofres públicos e o uso abusivo da máquina pública, Lula venceu Bolsonaro num Brasil divido em dois. Com um discurso apelativo em prol das políticas de amparo social, o candidato petista arrebanhou os votos da região mais pobre do país quando obteve massiva votação no Nordeste, algo nunca visto. Dos 1.793 municípios nordestinos, Lula foi vitorioso em 1.778, enquanto Bolsonaro ganhou em apenas 15 municípios.

Pelo visto, Jair Bolsonaro, não esperava por esse resultado a ele desfavorável. Mesmo com a derrota configurada, o presidente fechou-se em copas e, até agora, sequer pronunciou-se em reconhecimento da vitória de Lula. Em contrapartida a esse comportamento, os demais poderes constitucionais da República já emitiram notas parabenizando Lula e reconhecendo sua vitória. Também os países mais importantes do mundo ocidental já se declaram favoráveis ao resultado das urnas brasileiras.

Mesmo com seu histórico de pronunciamentos golpistas, quando sempre duvidou da lisura das urnas eletrônicas, o silêncio do presidente Jair Bolsonaro não mete medo em mais ninguém, uma vez que até os seus correligionários mais próximos, a exemplo do presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP), já se pronunciou reconhecendo a vitória de Lula. Na verdade, Bolsonaro pelejou para perder e, quase não perde. O Brasil venceu!




 

 

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