Em 1968, quando da derrubada da Igreja Velha de Princesa, sob o comando do celerado vigário, frei Anastácio Palmeira, tudo foi demolido sem cuidado algum. Não fora o sacristão, João Mandú, até as imagens dos santos, esculpidas pelo artista princesense, Mestre Belinho, teriam sido totalmente destruídas.
Para evitar esse desastre, João Mandú distribuiu as várias imagens pelas casas de pessoas devotas. Como exemplo, citamos algumas: São Miguel ficou na casa de Genésio
Lima; São Manoel da Paciência, na casa da minha mãe, Osana Roberto; Nossa Senhora do Carmo no convento das freiras e, São Sebastião, na casa das solteironas: Domitila e Francisquinha.
Passados dois dias da distribuição dos santos, João Mandú foi procurado por Domitila e Francisquinha, acompanhadas de um rapaz, que trazia o santo às costas. Domitila, que era mais saída, foi logo dizendo:
- João, preciso conversar com você.
- Pois não, dona Domitila, do que se trata? - se dispôs o sacristão.
- Eu vim trazer o santo de volta - disse a moça-velha
- Mas, por quê? - Perguntou Mandú.
- João, é o seguinte: eu e Francisquinha estivemos pensando... Nós achamos que não é conveniente nem certo que nós, duas donzelas juramentadas, estejamos a conviver, de dia e de noite, com um homem quase nu dentro de nossa casa...
Sem que Domitila terminasse de falar, João interrompeu-a:
- Mas... dona Domitila, ele é um santo! Não fará mal algum a vocês, ademais...
A donzela interrompeu o sacristão:
- O problema, João, é a língua do povo.
Forçosamente convencido, João Mandú, concordou e deu nova sugestão:
- Tudo bem, bote o santo aí, mas, vocês vão levar outro.
- Qual é o santo? - perguntou Francisquinha que até ali se mantinha calada.
João respondeu:
- São Benedito!
As duas solteironas reagiram em uníssono:
- Não tem um branco não!?
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