segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Os negros e a Igreja Católica

Até meados do século passado (XX), com relação aos seus fiéis seguidores, vigorava um verdadeiro apartheid na Igreja de Roma. Com autorização do Sumo Pontífice, as paróquias, ao redor do mundo, receberam autorização para a construção de templos exclusivos para os cidadãos de terceira classe: os negros. Isso, atendendo à conveniência dos brancos que não aceitavam conviver, na casa de Deus, com os que, até há pouco, eram escravizados.

Sob a proteção da Virgem, denominada Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, foram construídos pequenos templos, às vezes capelas, destinados aos ofícios religiosos para os homens e mulheres de cor. Livres, mas, segregados da sociedade, havia até questionamentos sobre se, os negros, tinham alma. Em tempos passados recentes, os negros não podiam assistir às missas, batizarem seus filhos, tampouco se casarem nas igrejas matrizes.

Nesse tempo de escuridão religiosa, negros também não podiam ser ordenados padres. Nas ordens menores podiam, no máximo, ser ungidos como irmãos, para a realização dos trabalhos domésticos nos conventos e nas casas paroquiais. Um dos primeiros negros, ordenado padre no Brasil, foi José Maria Pires que veio a ser arcebispo da Paraíba e, por conta da cor, era chamado de "Dom Pelé". Os negros eram tidos como seres à parte.

Aqui em Princesa, existia também um templo exclusivo para os pretos. Era a Igreja do Rosário. Ficava no final da Praça "Epitácio Pessoa" e foi demolida, por ordem do frade alemão, frei Anscário Hillebrand, no final da década de 60. Ali aconteciam os ofícios religiosos no mesmo rito e liturgia dos da Igreja Matriz, tudo em latim para que ninguém entendesse nada. A salvação dos pretos dependia da sua subserviência aos brancos e respeito total ao Criador. A partir da década de 60, com o aggionamento promovido pelo Papa João XXIII no

Concílio Vaticano II - para enfrentar as necessidades dos novos tempos e o crescimento dos cultos evangélicos -, para não perder fiéis, a Igreja se permitiu adotar ares de modernidade. Democratizou a fé e, os negros, pegando carona nessa nova onda, a partir dali viraram gente e hoje, alguns poucos, já cardeais, participam de solenidades até no Vaticano. Enfim, os negros, agora fazem parte do povo de Deus.




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