O título desta matéria remonta a um velho ditado que ilustra
várias situações que ocorrem no nosso dia-a-dia. Retrata comportamentos de
pessoas que agem com falsidade para provocar reações que lhes sejam favoráveis.
São aproveitadores descarados e fracos de caráter que armam o circo, não para
apresentar o espetáculo, mas para servirem de palhaço sem nenhum escrúpulo,
desde que sejam beneficiados pela situação que criaram. São bufões, bobos da
corte, áulicos (muitas vezes de luxo) que tudo fazem para agradarem aos que têm
poder e, com isso, auferirem os benefícios e os lucros desejados.
Nesse diapasão se encontram pessoas das quais jamais
esperamos atitudes que não sejam condizentes com a ética, a moral e os bons
costumes. Em face dessa fragilidade moral, observada nos que gostam de se
locupletar com favores e benesses oficiais, os governantes públicos deitam e
rolam cooptando a todos. Alguns, mais humildes, se dirigem aos prefeitos e
governadores e suplicam ajudas para suprir suas necessidades – estes são os que
realmente precisam e quase nunca são atendidos. Outros, os mais espertos e
ávidos por benefícios maiores, se fazem de inimigos ou de adversários para, em
velada ameaça, fustigar os donos do poder e conseguir o que querem.
São os que latem e não mordem. O ladrar é apenas para ameaçar.
Quando atendidos em suas particulares reivindicações, recolhem-se às suas
insignificâncias e, com a cara mais lisa do mundo, passam a elogiar a quem
antes atacavam. Tem deles que trocam de camisa sem sequer tomar banho (como
dizem alguns: trocam o pneu do carro com o carro andando). Comigo mesmo –
quando eu detinha poder -, muito disso aconteceu. Áulicos famosos, que se
locupletaram no meu governo, hoje me atacam e, alguns, dizem até que nunca
foram por mim beneficiados em nada. É verdade que isso faz parte do jogo do
poder, um jogo brabo em que vale tudo!
Aqui em Princesa a coisa não é diferente. No entanto, mesmo
diante disso, não podemos misturar alhos com bugalhos. Existem pessoas decentes
que não se submetem a essas situações. Em que pese ser detentor de muitos
defeitos, me incluo na condição dos que não se submetem a situações em que o
tilintar do vil metal resolve tudo. A minha posição com relação ao poder já me
elevou a algumas glórias, mas, hoje, tem me custado muitos desgostos e
dissabores; não somente provocados por alguns em quem insisti em acreditar, mas
também quanto ao que tenho sofrido em relação aos que muito ajudei. Mesmo
assim, não me submeto e, a duras penas, mantenho a minha posição, dentro da
coerência com o que sempre digo.
O caráter não vem com o parto, mas sim, implantado no
patrimônio genético e lapidado pela formação doméstica que cada um recebeu. Os
olhos que miram sempre para o dinheiro não lacrimejam de vergonha, somente
choram para mamar. Os que valorizam posições sociais financiadas pelo dinheiro
fácil, mandam às favas os conceitos de moral e repetem sempre, para si mesmos, que
são decentes, honestos; que têm palavra, e mais: que não levam desaforo para
casa. Mentem para si e para os outros de forma tão contumaz que terminam
acreditando que estão sempre fazendo a coisa certa. Quanto a esses, eu fico
olhando para os seus pés e pensando... Cachorro que late, não morde.
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