sábado, 3 de junho de 2023

Lula e Lira

Refém do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), depois das contrariedades que sofreu durante esta semana que se finda, resolveu virar o jogo. Agora, quem vai negociar, diretamente, com os deputados é o próprio Lula. É um jogo perigoso porque o presidente vai ter de peitar Lira e isso pode lhe trazer mais problemas; pode até romper o tênue laço que ainda os une. Em política tudo é um risco e Lula tem capacidade demais em fazer articulação. Ele mesmo disse: “Em política nós temos de conversar com pessoas de quem não gostamos e que não gostam da gente”.

Esse problema advém do mal crônico que castiga a política brasileira: o toma-lá-dá-cá, o famoso balcão de negócios. Nós temos um sistema presidencialista que funciona como se fora parlamentarista. O presidente da Câmara dos Deputados detém muitos poderes e o exerce em busca de atrapalhar a governança com o fito de barganhar. Isso se exacerba agora quando temos um Governo de esquerda e um Parlamento majoritariamente conservador. Além disso, brigas paroquiais, como a de Arthur Lira com Renan Calheiros lá em Alagoas, anuviam ainda mais o cenário.

Nesse saco de gatos, o remédio seria a instituição do sistema parlamentarista. O parlamentarismo preconiza um Governo essencialmente de maioria, comandado por um primeiro ministro. O que temos no Brasil é um presidente da Câmara Federal empoderado pelo famigerado Orçamento Secreto, que não existe mais, mas que deixou todos viciados. Em busca do retorno desse status quo, a Câmara dos Deputados empareda o Governo em busca de cargos e de recursos e, com isso, quem perde é o povo brasileiro.



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