quarta-feira, 14 de junho de 2023

Repentes Memoráveis XXXIV

João Paraibano, um dos maiores poetas brasileiros, executor da viola, princesense do sítio Pica-pau, filho de Zacarias, e louvado por todo o Brasil, certa vez, em São Paulo, juntamente com Sebastião Dias, de Tabira/PE, davam uma entrevista numa Rádio. João Ficaria para um show na capital paulista e, Sebastião, voltaria para o Nordeste no dia seguinte. Logo na despedida do amigo, João Paraibano se despediu rimando:

Ao passar em Afogados

Diga à minha esposa Bela

Que derramei duas lágrimas

 Sentindo saudades dela

Tive sede e bebi uma

 E a outra guardei pra ela.

 

Perguntado, pelo entrevistador, como fazia para improvisar tão bem, o poeta princesense respondeu:

Tem noite que canto mal,

Mas quando eu canto feliz

Deus me mostra o verso pronto

E eu digo ao povo que fiz

Pois nem sempre a língua é dona

Das frases que a boca diz

 

O entrevistador perguntou a João Paraibano se ele decorava os versos que fazia. Ele respondeu:

Se alguém diz um verso meu

Aqui ou noutro lugar

Escuto mas não escuto

Vendo a hora decorar

Temendo estragar o aço

Da máquina de improvisar

 


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