Desde 1998, quando foi criado, pelo Congresso Nacional, o
instituto da reeleição para os cargos de prefeito, governador e presidente da
República – para beneficiar o então presidente Fernando Henrique Cardoso no afã
de reeleger-se – o coreto da política brasileira vem sofrendo constantes
bagunças, envolvendo os criadores e as criaturas. Antes, essas figuras se
revezavam no poder sem problema algum, pois só tinham direito a quatro anos de
mandato. Agora não, são longos oito anos e, os criadores não suportam esperar
tanto tempo para retornar ao poder.
São muitas as situações em que uma liderança política, que
exerceu o cargo de prefeito, governador ou presidente por dois mandatos
consecutivos, apresenta um preposto para tirar os quatro anos seguintes com o
compromisso de que este não vá para a reeleição. Todavia, depois de quatro anos
no trono, a doçura do poder embriaga a criatura e deixa o criador lambendo os
dedos. Salvo quando o acordo é feito para ser cumprido a duras penas, via de regra,
a criatura se impõe e não cede o lugar ao seu criador.
Isso tem acontecido bem perto de nós. Em 2018, o então
governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, escolheu seu secretário João Azevedo
como candidato à sua sucessão, o elegeu já no 1ª turno e, três meses após a
posse, houve o rompimento que perdura até hoje. Em Manaíra houve briga também
entre Zé Simão e Zé de Sousa, o que logo se consertou. Nesse momento, em que se
iniciam as tratativas para as eleições do ano que vem, já observamos clima
tenso em alguns municípios da nossa região, a exemplo de Juru, quando o
ex-prefeito Luiz Galvão e a atual prefeita, Solange Félix, parece, não se
entenderem.
É fato que esses rompimentos são contraproducentes para ambos
os lados. Ninguém lucra com isso. A ambição desmedida, de ambas as partes, é
quem dá o tom do jogo. Bem que poderiam esperar mais quatro anos e, sem brigas,
se perpetuarem no poder sem muito dispêndio, sem desgaste político e,
principalmente, ser dar chances à oposição. O problema é que, alimentados pela
vaidade e, muitas vezes, instigados por aliados, põem na mente a certeza da
vitória. O resultado é que, um dos dois perde e daí nasce uma oposição forte
que passará a fustigar o eleito e encarecerá os pleitos seguintes em detrimento
da tranquilidade administrativa, o que é péssimo para o povo.
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