sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A culpa é da reeleição

Desde 1998, quando foi criado, pelo Congresso Nacional, o instituto da reeleição para os cargos de prefeito, governador e presidente da República – para beneficiar o então presidente Fernando Henrique Cardoso no afã de reeleger-se – o coreto da política brasileira vem sofrendo constantes bagunças, envolvendo os criadores e as criaturas. Antes, essas figuras se revezavam no poder sem problema algum, pois só tinham direito a quatro anos de mandato. Agora não, são longos oito anos e, os criadores não suportam esperar tanto tempo para retornar ao poder.

São muitas as situações em que uma liderança política, que exerceu o cargo de prefeito, governador ou presidente por dois mandatos consecutivos, apresenta um preposto para tirar os quatro anos seguintes com o compromisso de que este não vá para a reeleição. Todavia, depois de quatro anos no trono, a doçura do poder embriaga a criatura e deixa o criador lambendo os dedos. Salvo quando o acordo é feito para ser cumprido a duras penas, via de regra, a criatura se impõe e não cede o lugar ao seu criador.

Isso tem acontecido bem perto de nós. Em 2018, o então governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, escolheu seu secretário João Azevedo como candidato à sua sucessão, o elegeu já no 1ª turno e, três meses após a posse, houve o rompimento que perdura até hoje. Em Manaíra houve briga também entre Zé Simão e Zé de Sousa, o que logo se consertou. Nesse momento, em que se iniciam as tratativas para as eleições do ano que vem, já observamos clima tenso em alguns municípios da nossa região, a exemplo de Juru, quando o ex-prefeito Luiz Galvão e a atual prefeita, Solange Félix, parece, não se entenderem.

É fato que esses rompimentos são contraproducentes para ambos os lados. Ninguém lucra com isso. A ambição desmedida, de ambas as partes, é quem dá o tom do jogo. Bem que poderiam esperar mais quatro anos e, sem brigas, se perpetuarem no poder sem muito dispêndio, sem desgaste político e, principalmente, ser dar chances à oposição. O problema é que, alimentados pela vaidade e, muitas vezes, instigados por aliados, põem na mente a certeza da vitória. O resultado é que, um dos dois perde e daí nasce uma oposição forte que passará a fustigar o eleito e encarecerá os pleitos seguintes em detrimento da tranquilidade administrativa, o que é péssimo para o povo.



 

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