quinta-feira, 3 de agosto de 2023

A Escola de antigamente

Até tempos bem recentes, as escolas primárias eram chamadas de "Grupos Escolares", as professoras eram "mestras", o intervalo entre as aulas chamávamos de "recreio", a tarefa, era denominada de "dever de casa" e, os castigos, além dos cocorotes, eram exercidos com a malvada palmatória. Livros e cadernos eram caríssimos e não acessíveis à maioria dos alunos. Lembro-me que, no mais das vezes, apagávamos os escritos (feitos em lápis grafite) para usarmos novamente, as mesmas folhas do caderno, em novas anotações.

O forte das Escolas de antigamente era a disciplina. A professora era uma segunda mãe a quem respeitávamos sem qualquer questionamento. Quando adentrava alguém à sala de aula, nos púnhamos de pés em respeito ao visitante. Quando cometíamos falta grave, ficávamos de castigo na secretaria. Não tinha essa história de "tia"; chamávamos a professora de "dona" e esta, fazia um relatório mensal para cientificar aos pais sobre o comportamento dos meninos e das meninas, o que, via de regra, resultava em castigos ou surras. Era a lei do "escreveu não leu, o pau comeu". 

Esse livro de Admissão que está reproduzido acima era quase uma Bíblia das disciplinas do ensino primário. Como eram poucos os alunos que tinham condições financeiras em adquiri-lo, o livro passava de mão em mão a título de empréstimo e, muitas, vezes, decorávamos ou copiávamos os assuntos que nos interessavam para estudarmos em casa. Eram grandes as dificuldades. Não fora os cadernos (acima retratado) distribuídos pelo Governo, os alunos mais pobres não teriam onde anotar seus deveres. 

Diferente de ontem, hoje as facilidades são imensas. Se antes os alunos da Zona Rural vinham a pés para a Escola na cidade, hoje têm transporte escolar. A antiga lancheira foi abolida porque hoje, o antigo lanche - que agora se chama merenda - é servido pelas próprias Escolas. A dificuldade quanto à aquisição do material escolar não existe mais porque o Governo provê tudo. O único problema que depõe contra o ensino atual é a falta de disciplina que seria fundamental para socorrer à maioria dos alunos que não têm educação doméstica. Os tempos são outros.



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