quarta-feira, 6 de março de 2024

Na França, o aborto agora é constitucional

O país da declaração dos Direitos Universais, a França, fazendo jus ao seu habitual vanguardismo em matéria de Direitos Humanos, aprovou emenda constitucional tornando o aborto um direito de todas as mulheres até a 12ª semana de gestação. Isso já era lei naquele país desde 1974, mas agora é matéria constitucional. É a França, o primeiro país no mundo a tomar uma iniciativa dessa natureza sobre um tema polêmico que divide opiniões mundo afora.

O aborto é motivo de discussões as mais acirradas envolvendo conceitos sociais e religiosos, o que faz do tema um tabu para muitos e um direito para outros tantos. Na verdade, o que move os que são contrários à prática do aborto, é mesmo a hipocrisia, uma vez que esse procedimento nunca deixou de ser realizado ao longo dos tempos e, por ser ilegal na maioria dos países, no mais das vezes é praticado da forma mais tosca possível.

Os que são contrários ao aborto, usam do argumento de que é um crime hediondo porque praticado contra a vida de quem não pode se defender. Para os que defendem a interrupção da gravidez, a alegação é a de que a prática deve ser um direito de todas as mulheres e com a devida assistência médico-hospitalar num aparato que lhes garanta segurança de vida.

Na verdade, tanto o aborto quanto o controle da natalidade de forma artificial, são condenados pelas várias religiões e, pelo menos o primeiro, abominado pelo pensamento dos conservadores. O que se vê na prática, no entanto, é um exercício de completa hipocrisia quando, a grande maioria dos que condenam essas práticas, são contumazes em seu uso, principalmente no tocante ao controle da natalidade, através da pílula, do DIU e de outros dispositivos.

Quanto ao aborto, para a maioria dos que o condenam, a prática só é pecaminosa ou reprovável quando ocorre com os outros. Em sua falsa moral, os conservadores mais abastados, fazem aborto a torto e a direito, mas em clínicas particulares sob todos os cuidados necessários. Enquanto isso, as mulheres pobres, se submetem às sondas das parteiras curiosas o que, no mais das vezes, custa-lhes a própria vida. Eu, particularmente, não sou partidário do aborto, mas também não tenho o direito de ser contrário ao direito dos outros. Morra a hipocrisia e, Viva a França!



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