Empoderado demais e com olhos voltados para sua sucessão na presidência da Câmara dos Deputados, o presidente daquela Casa de Leis, Arthur Lira, sucumbiu às exigências da bancada evangélica e dos extremistas de direita e pôs em pauta, para votação, um pedido de urgência para o Projeto de Lei n° 1.904/24, que determina que, crianças, adolescentes e mulheres adultas que fizerem aborto de gravidez resultante de estupro, após a 22ª semana de gestação, sejam punidas com a pena máxima para homicídio culposo, ou seja, até 22 anos de prisão.
Refém do poderoso Lira, o governo do presidente Lula, emudeceu diante dessa barbaridade e, o pedido de urgência do já chamado "PL do estupro", foi aprovado. De sorte que a sociedade civil, mobilizada pela imprensa e pelas redes sociais, acordou, foi pra rua e, ao que tudo indica, fez Arthur Lira dar marcha à ré. Certo estava Tancredo Neves quando dizia: "Quando a esperteza é muito grande, engole o dono". Na democracia é assim, quando o povo se mobiliza, seus representantes arrefecem.
A mobilização popular se deu quando os meios de comunicação fizeram saber, a título de comparação, que a pena para mulheres estupradas que provocassem o aborto seria - de acordo com PL do estupro - maior do que a pena para os estupradores, que chega, no máximo, a 12 anos de prisão. Isso foi bastante para mobilizar a população e esconder as caras dos deputados, inclusive dos que votaram a favor do pedido de urgência. Agora, estão todos exigindo o arquivamento do PL. Somente os deputados da Bíblia e os bolsonaristas ainda insistem em passar a boiada. O preço da liberdade é a eterna vigilância.
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